Reprodução artificial pode salvar rinoceronte-branco do norte da extinção
Técnicas de reprodução artificial podem evitar o desaparecimento do rinoceronte-branco do norte do planeta. Pela primeira vez cientistas conseguiram desenvolver embriões híbridos com óvulos de rinocerontes-brancos do sul e esperma congelado de rinocerontes-brancos do norte. A espécie está funcionalmente extinta após a morte de Sudan, o último macho, em março deste ano. Agora restam apenas duas fêmeas vivas, Najin e Fatu.
Pesquisadores do Instituto Leibniz de Pesquisas em Zoológicos e Vida Selvagem, em Berlim, adaptaram uma técnica de reprodução artificial usada em cavalos para criar os embriões híbridos de rinoceronte. O primeiro desafio foi desenvolver um equipamento, com cerca de dois metros de comprimento, para coletar os ovócitos – células que darão origem aos óvulos – com segurança. Eles foram coletados de fêmeas de rinocerontes-brancos do sul espalhadas por zoológicos europeus e transferidos para a clínica Avantea, em Cremona, na Itália, especializada na reprodução assistida de animais de grande porte.
Os embriões foram congelados para preservação. O próximo passo é implantá-los em fêmeas de rinocerontes-brancos do sul – que ainda são abundantes, com população estimada em 20 mil indivíduos – para testar se a técnica resultará no nascimento de um filhote de rinoceronte. Segundo Thomas Hildebrandt, líder do experimento descrito na revista Nature Communications, a expectativa é ter o primeiro filhote de rinoceronte-branco do norte em três anos.
Baixa diversidade genética
Os resultados do experimento tornam viável a gestação e nascimento de filhotes de rinocerontes-brancos do norte, mas este é apenas o primeiro passo para recuperar a espécie. Existem apenas duas fêmeas vivas e esperma armazenado de quatro machos. As técnicas de reprodução assistida não são suficientes para criar a diversidade genética necessária para uma população sustentável da espécie, então os cientistas também se debruçam na criação de gametas a partir de células-tronco. Os pesquisadores já tiveram êxito em gerar células-tronco embrionárias a partir de blastócitos de rinocerontes-brancos do sul.
“No futuro, nosso objetivo será produzir células germinativas primordiais a partir de células-tronco pluripotentes induzidas obtidas de células somáticas preservadas de diversos rinocerontes-brancos do norte. Num segundo passo, essas células germinativas serão transformadas em óvulos e esperma”, explicou Sebastian Diecke, especialista em células-tronco do Centro para Medicina Molecular Max Delbrück, em Berlim.
Com informações do O Globo