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Abaixo assinado solicita implantação de equipamentos para reduzir atropelamentos de animais silvestres no Mato Grosso do Sul
Estimativas do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) apontam que mais de 15 animais morrem nas estradas brasileiras a cada segundo. Diariamente, devem morrer mais de 1,3 milhões de bichos e, ao final de um ano, até 475 milhões são atropelados no Brasil. Desde sua construção, em dezembro de 2014, a rodovia MS-040 – que liga os municípios de Campo Grande e Santa Rita do Pardo (230 quilômetros) -, em Mato Grosso do Sul, é palco de centenas de mortes.
Alguns meses após inauguração da rodovia, a Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (Incab) e o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) começaram um trabalho de monitoramento da fauna. Entre 2013 e 2017, 363 antas morreram atropeladas em rodovias do estado. Em maio de 2016 o Ministério Público instalou inquérito para apurar a responsabilidade civil dos órgãos competentes (Agesul – Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul e Seinfra – Secretaria de Estado de Infraestrutura) no que se refere à não implementação de medidas mitigadoras para redução dos atropelamentos.
Visando contribuir, Incab e IPÊ desenvolveram um plano de mitigação que foi entregue ao promotor do caso, detalhando alternativas para redução dos atropelamentos de mamíferos de médio e grande porte na rodovia, como cercamento das laterais de passagens inferiores adequadas à fauna (redes de drenagens, pontes e passagens de gado por sob a rodovia) já existentes ao longo da mesma. O plano foi apresentado à Agesul e Seinfra em outubro de 2017. As organizações ambientalistas solicitarão uma nova reunião com o MPE e os órgãos a fim de conhecer as futuras ações em relação à rodovia e os desdobramentos do inquérito.
Para Dalce Ricas, superintendente da Amda, é incompreensível o silêncio do poder público e particularmente dos DERs estaduais diante da catástrofe ambiental em que se transformou o genocídio da fauna silvestre por atropelamento. “Aqui em Minas é a mesma coisa. O DER não se importa, a Semad não exige e os atropelamentos continuam. Nem mesmo nos trechos de rodovia que atravessam áreas consideradas prioritárias para proteção da biodiversidade ou que atravessam ou margeiam unidades de conservação, são tomadas providências. A situação é desanimadora”, afirma.
Com intuito de pressionar por providências, Incab e Ipê lançaram vídeo e criaram uma petição online na plataforma change.org que em apenas três dias recebeu adesão de mais de 3 mil pessoas. Para assinar, clique aqui.
Sistema Urubu
O Sistema Urubu é a maior rede social de conservação da biodiversidade brasileira, criada pelo CBEE para reunir, sistematizar e disponibilizar informações sobre a mortalidade de fauna selvagem nas rodovias e ferrovias e auxiliar o governo e concessionárias na implantação de medidas para redução do atropelamento. Qualquer pessoa pode tornar-se parceiro do projeto baixando gratuitamente o aplicativo Urubu Mobile, que permite registrar informações de atropelamento de animais.
Em 2017 o Sistema Urubu recebeu milhares de novos registros. Minas Gerais aparece em terceiro lugar no ranking de morte de animais nas rodovias. Foram registrados atropelamentos de quatro anfíbios, 45 répteis, 80 aves e 125 mamíferos, totalizando 254 animais atropelados no estado. O número pode parecer pequeno, mas vale lembrar que os dados foram compilados apenas pela plataforma. Infelizmente, centenas de atropelamentos não são registrados.
Doze espécies ameaçadas de extinção apareceram nos registros do sistema. Destas, aquela com maior número de ocorrências foi o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), com 51 indivíduos. Os registros aconteceram em quatro estados brasileiros: Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo. O ranking segue com a raposa-do-campo (Lycalopex vetulus), anta (Tapirus terrestris), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), jaguarundi (Pumayagouaroundi), bugio-ruivo (Alouatta guariba), gato-do-mato (Leopardus tigrinus), jacupemba (Penelope superciliaris), guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul) e a onça-parda (Puma concolor).