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Desmatamento na Mata Atlântica aumenta quase 60% em um ano

Desmatamento na Mata Atlântica aumenta quase 60% em um ano
Crédito: Marina Bhering/Amda

Em um ano, o desmatamento na Mata Atlântica aumentou quase 60%. Entre 2015 e 2016, foram destruídos 29.075 hectares, ou 290 km², nos 17 estados que abrigam o bioma, número 57,7% maior em relação ao período anterior (2014-2015), quando 18.433 ha foram dizimados. Os dados são do mais recente Atlas da Mata Atlântica, desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O diretor de políticas públicas da SOS, Mario Mantovani, comentou o cenário nesta terça-feira (1), durante a 70ª Terça Ambiental da Amda.

No período, a Bahia liderou o desmatamento com decréscimo de 12.288 ha, alta de 207% em relação ao ano anterior, quando foram destruídos 3.997 ha. A vice-liderança ficou com Minas Gerais, com 7.410 ha desmatados, seguido por Paraná (3.453 ha) e Piauí (3.125 ha).

Minas liderou o ranking em sete das últimas nove edições do Atlas da Mata Atlântica. Águas Vermelhas (753 ha), São João do Paraíso (573 ha) e Jequitinhonha (450 ha), municípios situados no vale do rio Jequitinhonha, foram novamente citados como pontos de desmatamento, provavelmente para expansão de fronteira agrícola, como plantio de eucalipto. A SOS não publicou ainda o ranking dos municípios que mais derrubaram Mata Atlântica. A superintendente da Amda, Dalce Ricas, acredita no entanto que a maior parte do desmatamento foi de Mata Seca no Norte do estado, ecossistema raro, que faz parte do bioma.

Mantovani citou alguns dos graves retrocessos do novo Código Florestal brasileiro, como a exclusão da proteção de margem de rios e anistia a desmatadores, mudanças lideradas pela bancada ruralista, que agora tenta flexibilizar o licenciamento ambiental em troca de apoio para abster Michel Temer de investigações por denúncias de corrupção passiva. “Neste momento em que todos os olhos estão voltados para Temer, é importante ficar atento a projetos que negligenciam o meio ambiente e que podem ser votados a qualquer momento e à surdina”, comentou.

Ele acredita que uma das soluções para recuperar o bioma é a implantação de planos municipais da Mata Atlântica, que podem funcionar como instrumentos de envolvimento da população na proteção do bioma, ressaltando que em Minas praticamente não há iniciativa neste sentido.