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O drible do gado: a parte invisível da cadeia da pecuária

O drible do gado: a parte invisível da cadeia da pecuária
Estima-se que um terço das fazendas vende gado para outras fazendas e fica fora do monitoramento ambiental / Crédito: Marcio Isensee

A pecuária é a principal responsável pelo desmatamento da Amazônia. Para tentar barrar a destruição, o Ibama iniciou uma grande operação visando interditar frigoríficos acusados de comprar, direta ou indiretamente, cabeças de gado de fazendas no Pará embargadas por desmatamento ilegal. Mas o esquema de fornecedores indiretos deixa um buraco no caminho, favorecendo brechas para ilegalidades.

Deflagrada em 22 de março, a Operação Carne Fria enfrentou reação imediata do setor. Como argumento estava o fato de o Ibama ter responsabilizado as empresas pela compra de bois que em algum momento da sua criação passaram por fazendas irregulares, os chamados fornecedores indiretos.

Estes são fazendas que trabalham com os sistemas de cria – quando o bezerro ainda é amamentado pela mãe – e recria – fase iniciada logo após o desmame, por volta dos sete meses de idade. Na última etapa da cadeia produtiva da pecuária de corte estão as fazendas de engorda, quando o gado que já atingiu cerca de três anos de idade ganha peso e é vendido para abate nos frigoríficos.

Por serem elas que comercializam a boiada com a indústria, as fazendas de engorda são chamadas de fornecedoras diretas. Estas tre%u0302s fases – cria, recria e engorda – podem ser realizadas em uma mesma propriedade ou em locais diferentes que vendem e revendem gado entre si. Quanto mais fazendas o gado passa antes do abate, mais difícil rastrear sua origem. E o problema não é pequeno. Segundo dados do IBGE, em média 30% dos rebanhos no Brasil são de fazendas de cria e recria. Ou seja: aproximadamente um terço da cadeia permanece invisível para os sistemas de monitoramento.

Conheça os detalhes desta rede em reportagem publicada pelo portal O Eco.