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Mudanças climáticas ameaçam sobrevivência dos pinguins-imperadores

Mudanças climáticas ameaçam sobrevivência dos pinguins-imperadores
Animais são altamente suscetíveis a doenças infecciosas

A sobrevivência dos simpáticos pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri) – que conquistaram o mundo das telonas com o desenho Happy Feet – está ameaçada pelas mudanças climáticas. Pesquisadores da França e Estados Unidos estimam que o aquecimento global, no pior cenário, poderá levar a um declínio de até 99% da população dessas aves, os habitantes mais carismáticos da Antártida.

O grupo liderado pela francesa Stéphanie Jenouvriet, do Instituto de Pesquisa Oceanográfica de Woods Hole (EUA), projetou diversos cenários futuros para a espécie, cujos habitats estarão sob pressão nas próximas décadas à medida que o aquecimento da Terra vai derretendo o gelo marinho do continente austral.

Eles concluíram que migrações de pinguins entre colônias e para novas regiões podem turbinar a sobrevivência da espécie e até aumentar o tamanho das populações em meados do século. O grupo descobriu, por exemplo, que a ave não é tão fiel assim ao seu lugar de nascimento e possui a capacidade de se dispersar entre colônias. Isso é uma vantagem para os pinguins numa Antártida impactada pela mudança do clima: se o local da colônia antiga está comprometido, eles podem simplesmente migrar para outra parte em vez de perecer, como algumas espécies com excessivo apego às origens.

No entanto, a partir de 2088, a degradação ambiental será tão generalizada que o número de imperadores passará a declinar em toda a Antártida, a uma taxa de até 11% ao ano.

Além disso, o estudo também mostrou que a existência dos pinguins é completamente dependente da extensão de mar congelado. É no gelo marinho que eles se deslocam e se reproduzem; e é no krill – um tipo de camarão glacial – que eles baseiam grande parte de sua dieta. “Gelo marinho de menos reduz a disponibilidade de locais de reprodução e de presas; gelo demais significa viagens de pesca mais altas para os adultos para o mar aberto mais próximo, o que por sua vez significa menos comida para os filhotes”, disse Jenouvriet.

Se nada for feito para conter as emissões, a projeção é de perda de habitats para os imperadores por toda a Antártida. Em 2014, Jenouvrier e colegas estimaram que, em 2100, pelo menos dois terços das colônias teriam reduções populacionais de 50% ou mais.

Essa perda, porém, será desigual, com algumas áreas degringolando antes de outras. O novo estudo, que será publicado em agosto no periódico Biological Conservation, cria um modelo matemático unindo as projeções de perda de gelo marinho e propensão dos pinguins a emigrar.

Os cientistas concluíram que a marcha entre colônias pode aumentar a população de imperadores em até 31% na primeira metade do século, se for bem-sucedida; ou reduzi-la em 65% se tudo der errado. No final, porém, quem prevalece é o clima.

A equipe de estudiosos pede que o imperador seja incluído como espécie “ameaçada” na Lei de Espécies Ameaçadas dos EUA. Seria o segundo caso – após o urso-polar – de uma espécie reconhecida como em risco pelas mudanças do clima na lei americana, que demanda ação do governo para evitar o problema por meio da redução dos gases de efeito estufa.

Com informações do Observatório do Clima