Ampliação de hospital ameaça Serra do Curral
A Serra do Curral pode sofrer mais um dano se a ampliação da construção que abrigava o Hospital Hilton Rocha – construído na encosta da serra, no bairro Mangabeiras, pelo Grupo Oncomed que a comprou – for autorizada pela prefeitura. Audiência Pública realizada no dia 2 de maio na Câmara Municipal reuniu dezenas de pessoas, associações e organizações. O projeto ainda está em análise pela Justiça, mas o Ministério Público já solicitou embargo das obras.
Para Leonardo Magalhães, integrante da Associação de Moradores do Bairro Mangabeiras e do Movimento das Associações de Moradores de BH (MAM BH), a audiência foi um sucesso por conseguir mobilizar pessoas de diversas áreas e várias associações em prol da preservação da serra. “Esta não é uma luta do meio ambiente contra o hospital. Está claro que os danos dessa construção serão irreversíveis, então, porque não procurar outro local para o empreendimento?”, questiona.
A nova estrutura pretende ampliar o hospital em 105%, aumentando o número de andares e a área ocupada no terreno de 19 para 39 mil m², e construção de estacionamento subterrâneo. Para isso, será preciso retirar uma quantidade de terra equivalente a aproximadamente 18 mil caminhões. Relatório técnico do Iphan chama a atenção para graves danos que o projeto pode causar: risco efetivo de poluição de aquífero da região, deslizamentos de rochas e impactos para fauna e flora.
Leonardo lembra que o complexo da Serra do Curral é considerado a caixa d’água de Belo Horizonte, além de importante corredor ecológico, que abriga inúmeras espécies, inclusive algumas ameaçadas de extinção. Os Ministérios Público e Federal são contra a construção e recomendam devolver a área à sua verdadeira dona: a natureza.
Confira o vídeo da campanha “A Serra do Curral é Sua“.
Entenda o caso
A construção original, situada em área de preservação permanente foi permitida por uma brecha na lei após intervenção do General Golbery Couto e Silva, como forma de agradecimento ao médico que o tratou, o oftalmologista mineiro Hilton Rocha, em 1975. O hospital faliu e, em 2009, foi arrematado em um leilão pelo grupo Oncomed, que pretende ampliar as instalações para abrigar um centro de tratamento de câncer.