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Parque Nacional Serra da Capivara enfrenta grave crise financeira

O Parque Nacional da Serra da Capivara (PNSC), no Piauí, está enfrentando a maior crise financeira de sua história, desde o começo do ano passado. Atualmente, a administração se prepara para indenizar, até o dia 31, os últimos 30 dos 270 funcionários da Fundação Homem Americano (Fumdham), todos de aviso prévio. Alguns estão com os salários atrasados há pelo menos cinco meses.

O parque, declarado como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura (Unesco), tem um custo mensal de manutenção de R$ 380 mil.

“Se os recursos não chegarem até o dia 31, irei a Paris em setembro avisar a Unesco que não há mais condições de manter o parque em funcionamento”, disse Niède Guidon, criadora do parque e da Fumdham. Com a eventual comunicação à Unesco, o parque pode ser declarado “patrimônio da humanidade em situação de perigo”.

Sentença

O juiz Pablo Baldivieso determinou que a União, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que cuida da vigilância do parque, devem fazer o repasse de verba para manutenção do parque. Mas para isso acontecer, é preciso que o convênio entre União e Fumdham, que está vencido desde novembro de 2015, seja renovado.

Segundo nota do ICMBio, a não renovação do acordo de cogestão entre o órgão e a Fundação Homem Americano “impossibilitou o repasse de recursos do governo federal à Fundação”. A nota pontua ainda que “o ministro [do Meio Ambiente] determinou a adoção de medidas administrativas para suprir a necessidade de recursos” por meio de repasse emergencial.

Na semana passada, o governo do Piauí acertou com o MMA um esquema para uma nova forma de gestão do parque. O acordo foi fechado sem a presença de Niède, que pode ser afastada do cargo.

Parna

Criado em 1979 no sudeste do Piauí, o Parque Nacional Serra da Capivara abriga um dos maiores sítios arqueológicos a céu aberto das Américas. Com 129.140 hectares, o parque abrange áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. A unidade de conservação é uma das últimas áreas do semiárido possuidoras de importante diversidade biológica, com espécies da fauna e flora específicas e pouco estudadas.

Relembre a entrevista da Amda com a arqueóloga Niède Guidon, que há mais de 80 anos se dedica à conservação do parque e acredita que a única solução realista para salvá-lo é o desenvolvimento turístico da região.