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Pastoreio causou mais de 80% do desmatamento no Brasil

Pastoreio causou mais de 80% do desmatamento no Brasil
Criação de gado na região Norte / Crédito: EBC

Entre 1990 a 2005, mais de 80% do desmatamento ocorrido no Brasil foi associado à conversão de terras em terrenos de pastoreio. Os dados constam em relatório divulgado nesta segunda-feira (18) pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), denominado “O estado das florestas no mundo”.

Segundo o documento, a participação do pastoreio no desflorestamento é maior no Brasil do que em outros seis países da região analisados no mesmo período: Argentina, Bolívia, Paraguai, Venezuela, Colômbia e Peru.

A expansão dos pastos causou a perda de ao menos um terço das florestas em seis dos países analisados. A exceção foi o Peru, onde o aumento das terras cultiváveis em pequena escala foi o fator dominante para 41% do desmatamento. Na Argentina, a expansão dos pastos foi responsável por 45% do desflorestamento, enquanto a expansão de terras cultiváveis comerciais respondeu por mais de 43%.

O cultivo comercial foi responsável por cerca de 10% do desmatamento no Brasil no período analisado, enquanto outras formas de exploração da terra, cultivo em pequena escala, agricultura mista, infraestrutura responderam juntos pelos demais 10%.

Agricultura comercial

O estudo da FAO concluiu que a agricultura comercial é a principal causadora do desflorestamento na América Latina. Particularmente na Amazônia, a produção do agronegócio para os mercados internacionais foi o principal fator de desmatamento, fruto de práticas como o pastoreio extensivo, o cultivo de soja e as plantações de coqueiro-de-dendê.

“A agricultura comercial não pode continuar crescendo à custa das florestas e dos recursos naturais da região”, disse Jorge Mexa, oficial florestal da FAO. Ele destacou que políticas como a vinculação de incentivos agrícolas a critérios ambientais, a adoção de práticas silvipastoris – combinação intencional de árvores, pastagem e gado numa mesma área e manejados de forma integrada -, o pagamento por serviços ambientais e a recuperação dos pastos degradados podem evitar a ampliação da fronteira agrícola em detrimento das florestas.

Conforme o relatório, desde 1990 mais de 20 países melhoraram sua segurança alimentar e mantiveram ou aumentaram sua cobertura florestal, demonstrando que não é necessário cortar árvores para produzir mais alimentos.

Com informações da ONU Brasil