Amazônia pode ter recorde de queimadas neste ano

A Amazônia pode sofrer, nos próximos meses, a maior temporada de queimadas já registrada. Isso pode ocorrer em função da falta de chuvas e consequente secura do solo, que nunca foram tão extremas. O alerta é de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine (EUA).
Espera-se que os próximos três meses – julho, agosto e setembro – sejam particularmente secos na região. O culpado, segundo a Nasa, que disponibilizou dados para o estudo, pode ser o El Niño, fenômeno climático que altera também o clima amazônico.
Os pesquisadores calcularam o risco de queimadas em dez regiões diferentes da floresta em três países: Brasil, Peru e Bolívia. Em uma escala que vai de 0 a 100, onde menos de 50 significa risco baixo e 100 é o risco máximo, em 2016 todas as dez localidades estão com risco de 92 ou mais.
O menor risco é o da região de Pando, na Bolívia (92) e o maior é o do Pará (98). Em 2015, os valores variavam entre 31 e 64 – a região boliviana tinha 33, e o Pará, 62.
Mato Grosso, que sustenta o título de campeão de queimadas, teve o risco aumentado de 64 para 97. Entre 2001 e 2014, o estado apresentou uma média de 46,1 mil focos de incêndio na mata por milhão de hectares – área equivalente à de um quadrado de 100 km de lado.
Segundo o físico Paulo Artaxo, professor da USP e membro do IPCC (Painel Internacional de Mudanças Climáticas), existem dois tipos de queimadas. Um deles é aquela ligada ao desmate, em que a matéria vegetal, após secar, é queimada com o intuito de abrir espaço para pastagens ou plantações.
O outro tipo, que vem crescendo, é a queima de resíduos de plantações. No tempo seco, o fogo pode se alastrar com facilidade, causando prejuízo à biodiversidade e lançando material particulado e gás carbônico na atmosfera, contribuindo com o efeito estufa e o aquecimento global.
Para Artaxo, sem ações de fiscalização do governo, além de queimadas criminosas, é possível que as regulares também saiam de controle e se espalhem, prejudicando todo o ecossistema.
“Na Amazônia, todas as queimadas são produzidas pelo homem. Sem o governo presente no dia a dia, é fácil que esse número saia de controle. É mais do que claro que o aumento de queimadas é inversamente proporcional à fiscalização”, pontua Artaxo.
Com informações da Folha de São Paulo