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Amda promove evento de soltura de aves vítimas do tráfico para celebrar a Semana Mundial do Meio Ambiente

Amda promove evento de soltura de aves vítimas do tráfico para celebrar a Semana Mundial do Meio Ambiente
Maritaca no momento da soltura / Crédito: Rafaela Noronha

Press Release

Belo Horizonte, 2 de junho de 2016 – Entre as atividades previstas para celebrar a Semana Mundial do Meio Ambiente, a Amda dará liberdade a dezenas de pássaros vítimas do tráfico em Minas Gerais. A soltura faz parte do Projeto Área de Soltura de Aves Silvestres (Asas), que a entidade mantém em parceria com o Ibama e proprietários da Fazenda Carvalhos, em Brumadinho. O evento contará com a presença da Polícia Militar de Meio Ambiente, Ibama, IEF, ONGs, empresas, representantes de condomínios da região, professores e alunos de escolas locais. A fazenda possui grandes áreas de florestas e outros ambientes naturais, propícios à sobrevivência das espécies que serão libertadas: canários-da-terra, trinca-ferros, periquito rei, maritacas, periquitinhos, sabiás e coleirinhos, perfazendo cerca de 80 pássaros.

O Projeto Asas foi criado pelo Ibama para permitir parcerias com pessoas físicas e entidades que queiram colaborar na luta contra o tráfico de aves e animais silvestres de forma geral. O órgão não tem estrutura para abrigar todos os animais que são apreendidos por seus fiscais e pela Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMA). Os participantes do projeto comprometem-se a construir viveiros destinados a abrigar os pássaros até que possam ser soltos, nas dimensões definidas pelo Ibama, que vistoria as propriedades previamente. A mortalidade por doenças, antes da soltura, é expressiva, devido geralmente a maus tratos e condições inapropriadas a que são submetidos os pássaros. E mesmo após libertados, muitos indivíduos perecem ainda por doenças não detectados ou por não conseguirem adaptar-se. Mesmo assim, a soltura dos que apresentam condições positivas como boa aparência, desenvoltura de voo, alimentação normal, é considerada positiva, pois muitos indivíduos que adaptam-se conseguem se reproduzir, aumentando a população das espécies.

“O correto é acabar com o tráfico. Mas isto depende de educação ambiental e de campanhas junto à população que ao comprar o alimenta, além da intensificação da fiscalização, o que não é importante para o poder público. É preciso também mudar a lei de crimes ambientais, pois as punições previstas são ridículas. Segundo a PMMA há traficantes em Minas que foram presos e autuados dezenas de vezes e mantém a ‘atividade’ por saber que nada lhes acontecerá”, diz a superintendente da Amda Dalce Ricas.

As crianças que participarão do evento serão convidadas a soltar pássaros, num ato simbólico de expressão da liberdade que lhes foi tirada pelos traficantes. Para Elizabete Lino, assessora institucional da Amda, a participação das crianças é fundamental. “Através delas acreditamos que os adultos podem mudar, deixando de comprar ou aprisionar pássaros e outros animais”, explica.

Tráfico de aves

O comércio de aves silvestres é a segunda causa de extinção de espécies ou diminuição drástica de populações no Brasil. O tráfico tem dois destinos: mercado externo e interno. Apesar do engajamento da Polícia Federal na repressão, como em qualquer outra atividade criminosa, os traficantes conseguem burlar a vigilância. A venda no “mercado interno” se mantém graças à cultura e ignorância daqueles que os compram. Os compradores acham “natural” manter os pássaros presos para seu “deleite” e em sua maioria ignoram o que aconteceu antes do animal ser comprado e as consequências disto para o meio ambiente.

A ação do poder público é lamentável e revoltante. Por iniciativa do governo federal/MMA, em 2013 o Conama aprovou Resolução que permite legalizar pássaros oriundos do tráfico. A justificativa é inaceitável: o governo disse que os órgãos de fiscalização ambiental não dispõem mais de espaço ou recursos para abrigar o imenso número de animais apreendidos do comércio ilegal. Os Centros de Triagem (CETAS) do Ibama e das demais instituições ambientais estão lotados e enfrentam, em sua maioria, graves problemas de manutenção. Também alegam os gestores públicos que se deve fazer uma distinção entre quem possui um pequeno número de animais ilegais do grande traficante da fauna silvestre. Analogicamente é como se o governo legalizasse carros roubados (desde que não fossem em grande número), alegando que não tem mais lugar para guardar o que são apreendidos.

Um dos mais tristes exemplos do tráfico de aves é o trinca-ferro, uma das espécies mais capturadas. É comum ver este pássaro aprisionado em minúsculas gaiolas, muitas vezes no escuro ou exposto ao sol. Ao invés de investir na mudança de comportamento da população, através de campanhas de massa educativas e na educação formal, sobre o tráfico e suas consequências, o MMA preferiu legalizar a crueldade, contrariando inclusive o esforço heroico de técnicos do Ibama que lutam diariamente para proteger a fauna silvestre.


Para mais informações:
(31) 3291-0661