Poluição afetará maioria da população mundial
Estima-se que 7 milhões de pessoas morram prematuramente no mundo, todos os anos, por doenças relacionadas à poluição. O percentual de pessoas vivendo em cidades ultrapassa 55% da população e pode ser mais de 70% em 2050. Achim Steiner, há 10 anos à frente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), alerta o problema afetará a maioria da população mundial.
Para ele, no que se refere aos indicadores ambientais, “o mundo ainda não dobrou a esquina”. Há graves ameaças de estresse hídrico, perda de solos, contaminação tóxica, degradação nos oceanos, alerta o cientista e diplomata, também subsecretário das Nações Unidas. Ele cita, contudo, avanços importantes nos últimos anos, como o acordo climático fechado em Paris, em dezembro, e a agenda global para 2030.
Em entrevista ao portal Valor Econômico, Steiner falou sobre esforços do Pnuma para enfrentar o comércio ilegal de animais silvestres. “Governos reconheceram que o crime ambiental no uso ilegal de recursos naturais e comércio da vida selvagem representa um risco ecológico, mas é também um crime econômico. O que vem sendo comercializado ilegalmente é roubado da economia e usado para financiar conflitos. Vamos fazer grande campanha para fechar este mercado criminoso”, afirmou.
O Valor também perguntou sobre os avanços na legislação ambiental no mundo. “Nas nossas sociedades estamos enfrentando mais complexidades. Há mais decisões sendo contestadas no campo do desenvolvimento em função da poluição, dos direitos indígenas, do direito individual de se ter um ambiente saudável. O novo conceito, que se quer colocar na agenda, é o do ‘estado de direito ambiental’. E também colocar no foco mundial a adoção da agenda 2030 ou o Acordo de Paris, mas entender que estas decisões têm que ser adotadas nas legislações nacionais. O Pnuma vem trabalhando com promotores, juízes e advogados no mundo, tentando conectá-los com uma nova jurisprudência ambiental. Muito frequentemente vemos que o ambiente não é defendido na lei do país. Mas isso também está mudando”, respondeu.
Steiner comentou ainda sobre a situação preocupante dos oceanos. “Não temos consciência dos enormes impactos do que a população mundial de 7 bilhões de pessoas provoca nos oceanos, e nem o quanto dependemos deles. Infelizmente, o progresso na proteção e no manejo sustentável dos recursos marinhos é vagaroso diante de uma paralisia internacional ao redor de interesses econômico nacionais. Os países estão se movendo muito devagar na implementação da Convenção Internacional das Nações Unidas sobre o Direito do Mar”.
“As Nações Unidas lutam para ter progresso na implementação de decisões que garantam que nosso patrimônio comum esteja adequadamente protegido. A degradação da biodiversidade marinha e dos recursos do oceano está em uma escalada rápida. Temos que desenvolver respostas mais eficazes. Perderemos todos se não conseguirmos juntos gerenciar os oceanos”, finalizou.
Com informações do Valor Econômico