Acidente nuclear de Fukushima completa cinco anos

No dia 11 de março, o acidente nuclear de Fukushima completou cinco anos. O Greenpeace concluiu um estudo sobre o impacto ambiental do desastre, que será divulgado nos próximos meses. Mas a organização já adiantou a publicação de um relatório que alerta para mutações detectadas na flora e fauna da área afetada.
O documento adverte para as “elevadas concentrações de radiação” em folhas novas de cedro e no pólen, alterações de crescimento em árvores como o abeto ou em espécies como as borboletas azuis, para danos no ADN de gusanos (um tipo de verme) e para uma redução da fertilidade da andorinha comum.
“Não sabemos exatamente o que causou o acidente e o governo japonês continua minimizando o nível de radioatividade nas zonas que tiveram de ser evacuadas. É trágico e inaceitável”, lamentou, em comunicado, o diretor da organização ecologista no Japão, Junichi Sato.
Para os ambientalistas, a crise da central Fukushima Daiichi foi “um dos piores acidentes industriais na história” e os governos devem apostar urgentemente na “energia limpa, renovável e segura”.
O Greenpeace pediu ao governo japonês e à operadora Tokyo Electric Power (Tepco), proprietária da central, para dar prioridade à “segurança e ao meio ambiente” e apontou que o encerramento da central de Takahama, ordenado na última semana por um tribunal do Japão, por razões de segurança, é “um sinal de que a energia nuclear não tem futuro” no país.
O Japão pretende que os 37 países que ainda proíbem ou limitam a importação de alimentos daquela região levantem as restrições. O país também proibiu temporariamente a venda e o consumo de vários produtos de Fukushima, como arroz ou carne de vaca, dentro do próprio país.
Acidente
Um terremoto seguido de um tsunami causaram o colapso de reatores da usina nuclear de Fukushima, liberando radiação e contaminando os arredores da cidade. Cinco anos depois, ainda há muitos vestígios desse desastre.
Segundo o Greenpeace, todos os dias, chegam aos mares japoneses 300 toneladas de água com algum nível de contaminação por radiação. Atualmente, mais de 100 mil pessoas ainda estão longe de suas casas. Elas não podem voltar ao local do acidente em função dos altos índices de radioatividade e não sabem se algum dia poderão.
Os casos de câncer de tireoide cresceram muito entre a população que morava perto da usina. A organização alerta ainda que há efeitos colaterais não tão óbvios: essas pessoas também sofreram – e sofrem – preconceito por serem vistas como “contaminadas”. O índice de depressão entre elas é mais alto do que no resto da população japonesa e há muitos casos de suicídio.
Brasil
No Brasil, a usina de Angra 3 está em obra e já é um monumento bilionário. Prometida para 2012, seu custo passou de R$ 7 bilhões para R$ 14,9 e sua entrega está prevista para 2018, embora o governo agora fale em 2021. As usinas que a precederam, Angra 1 e Angra 2, custaram mais de US$ 16 bilhões e têm capacidade instalada de 2 GW. Isso equivale a menos de 2% de todo o parque gerador brasileiro.