Página inicialBlogAbrampa denuncia consulta pública realizada pelo Ministério do Meio Ambiente em pleno carnaval
Notícias
Abrampa denuncia consulta pública realizada pelo Ministério do Meio Ambiente em pleno carnaval
Na última segunda-feira (15), a Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa) divulgou nota pública considerando nula a consulta à sociedade realizada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) na proposta de alteração das Resoluções sobre licenciamento e estudo prévio de impactos ambientais, por descumprimento do seu tempo obrigatório de duração. A consulta referente à alteração das resoluções aconteceu entre os dias 04 e 14 de fevereiro de 2016, contemplando apenas quatro dias úteis de duração, enquanto o tempo obrigatório mínimo era de 10 dias úteis.
No documento, a Abrampa explica que a consulta pública está regulada no art.31 da Lei nº 9.784/1999, integrando a instrução dos processos administrativos federais, e o Superior Tribunal de Justiça já reconheceu a esse instituto relação com os princípios da igualdade e da impessoalidade, no julgamento MS nº 14.690 (2009/0194816-4). Portanto, a consulta pública não é mera formalidade e sua nulidade contamina os demais atos do processo especialmente os atos futuramente editados.
“A mesma lei nº 9.784/1999, no seu art.23, impõe que os atos do processo sejam realizados em dias úteis. Logo, uma consulta pública cujo período de vigência tenha dias úteis inferiores à metade desse período é evidentemente nula porquanto exclui de qualquer princípio de razoabilidade a admissão de que alcançou os objetivos de transparência e de participação comunitária, aparentando, data vênia, uma simulação de ato administrativo.”
A Abrampa afirma que “ainda que 10 (dez) dias úteis fossem razoáveis para se discutir a alteração significativa de atos normativos vigentes desde 1986 (Resolução nº 001/1986) e desde 1997 (Resolução nº 237/1997), o que efetivamente não são – e isso também malfere os princípios constitucionais da participação comunitária, da razoabilidade e da proporcionalidade – sequer 10 (dez) dias úteis foram disponibilizados para que a sociedade brasileira pudesse ao menos analisar uma proposta de resolução com 46 (quarenta e seis) artigos e seus respectivos incisos, tamanho semelhante ao de leis como o Estatuto da Cidade”.
Por meio do documento, a Abrampa declarou seu posicionamento contrário à tramitação do processo e informou que buscará administrativa e judicialmente as responsabilizações e medidas necessárias a restabelecer o Estado Democrático de Direito, sem desacreditar que o poder de autotutela será utilizado pelo Ministério do Meio Ambiente para desfazer essa consulta e, de forma consensual e democrática, construir um diálogo profícuo com o Ministério Público e a sociedade em prol da preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações.
Frente Mineira pela Biodiversidade envia ofício para ministra do Meio Ambiente
Composta por 16 organizações ambientalistas não governamentais, a Frente Mineira pela Proteção da Biodiversidade enviou nesta quarta-feira (17), para a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ofício contra o prazo de consulta à sociedade no processo de mudança das regras de licenciamento no país. O grupo de ONGs solicitou que o prazo seja ampliado e devidamente divulgado, além de se propor a colaborar.
No documento, as entidades esclarecem que não são contra mudanças, mas afirmam a necessidade de mais tempo para analisar e opinar. “Temos certeza de que V.Exa. concorda conosco tanto quanto à importância da participação, quando de que a ampliação do prazo em nada prejudicará o processo. Muito pelo contrário, aliás.”
Integram a Frente Mineira pela Biodiversidade a Associação Amigos de Iracambi; Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda); Centro de Estudos Ecológicos e Educação Ambiental (Ceco); Centro de Estudos Ambiente Brasil; Conservação Internacional; Ecologia e Observação de Aves (Ecoavis); Fundação Biodiversitas; Fundação Relictos; Instituto Ekos; Instituto Espinhaço; Instituto Hóu para Cidadania; Movimento Pró Rio Todos os Santos e Mucuri (MPRTSM); Movimento Verde de Paracatu (Mover); ONG 4 Cantos do Mundo; Valor Natural; e Zeladoria do Planeta.