Diretor de Saúde Sócio Ambiental denuncia tragédia ambiental na Argentina
Damián Verzeñassi, diretor do “Instituto de Salud Socioambiental de la Facultad de Cs Médicas de la UNR”, denuncia em artigo os danos ambientais causados pelo avanço do agronegócio e da especulação imobiliária na cidade de Rosário, Argentina. Nos últimos 20 anos, as áreas rurais vêm sendo invadidas pela urbanização.
Verzeñassi chama atenção para o fato de que poucas pessoas se preocupam com os desmatamentos que ocorrem na região para expansão do agronegócio, que “exige mais e mais espaço para fazer crescer a economia”, sem levar em consideração os custos envolvidos. Verzeñassi cita, por exemplo, os refugiados ambientais, que são expulsos de seus locais de origem e obrigados a viver em grandes cidades, longe de suas essências, sua saúde, sua vida. O diretor cita ainda o custo da saúde e da qualidade de vida, “quando não há mais lugar para descansar à sombra de uma árvore ou ao lado de um rio, que hoje está seco ou cheio de substâncias tóxicas”.
Gradualmente, um sistema de organização social baseado na competição e no individualismo moldou a fisionomia das cidades, tornando-as “lugares onde o ar é irrespirável, o calor insuportável”; e onde áreas verdes deram lugar a “estacionamentos, prontos para guardar carros que explodem gases nocivos à saúde e ao meio ambiente”.
Nesse contexto, Verzeñassi critica a postura das autoridades e pergunta quanto tempo ainda falta para os líderes entenderem que é preciso muito mais que participar de uma conferência sobre o clima e posar para a foto oficial. O diretor afirma que eles devem começar a agir, ao invés de ficar apenas nas promessas.
Fonte de calor
Rosario, que nasceu na borda de uma extraordinária fonte de vida, o rio Paraná, sofre com o calor causado pelos inúmeros edifícios, que impedem a circulação dos ventos, aumentando a necessidade de sistemas de ar condicionado, que consomem altas doses de energia, em sua maioria produzidas utilizando fontes de combustíveis fósseis, altamente poluentes e que contribuem para o agravamento do aquecimento global.
O mesmo cenário pode ser encontrado aqui no Brasil, como em Fortaleza. O “boom” imobiliário, com a construção de milhares de arranha-céus próximos ao mar, aumentou consideravelmente a temperatura local. Uma solução para o problema é a construção de telhados verdes. Em Recife, uma lei aprovada no início do ano passado obriga novos prédios residenciais e comerciais a incluírem vegetação em seus telhados, com o intuito de reduzir as ilhas de calor e preservar a biodiversidade local.