Testes sísmicos podem deixar baleias surdas
Imagine escutar, a cada dez segundos, um barulho ensurdecedor, 64 vezes mais alto que de um tiro, 24 horas por dia, sete vezes por semana? Essa poderá ser a triste vida de milhares de animais marinhos que habitam as gélidas e remotas águas da costa Nordeste da Groenlândia, um dos mais lindos e selvagens locais do mundo. O cenário foi escolhido pela Shell em busca de mais um lugar para explorar petróleo. O barulho será gerado por uma embarcação da empresa dedicada a fazer testes sísmicos na região.
De acordo com publicação do Greenpeace, enormes canhões de ar estão disparando ondas sonoras incrivelmente barulhentas na água do mar, em busca de sinais da existência de petróleo e gás. Esses testes são enormes ameaças às baleias e toda vida selvagem da região. Pesquisa independente encomendada pela ONG confirma que a prática é bastante barulhenta: cada explosão emite 259 decibéis, um som aproximadamente oito vezes mais alto do que um avião a jato decolando!
Sons desse nível podem estourar os tímpanos humanos, mas são verdadeiramente desastrosos para os narvais, espécie de baleia que vive na região ártica e que, por ter um grande dente que se projeta para fora da boca, lembrando um chifre, é conhecida como “unicórnio do mar”. Enquanto nós nos guiamos predominantemente pela visão, esses animais se guiam pela audição e, por causa do barulho, podem ficar temporária ou permanentemente surdos.
Oliver Boisseau, pesquisador do Marine Conservation Research, que conduziu o estudo, explica que a perda de audição afeta todas as outras atividades dos narvais. Para ele, os testes “podem danificar a audição da espécie, além da sua capacidade de se comunicar uns com os outros. Também faz com que os animais que serviriam de alimento para os narvais fujam da área onde eles vivem, afetando seu comportamento de mergulho, alimentação e padrões de migração. Há indícios crescentes de que isso poderia causar sérias lesões, perturbar o sucesso reprodutivo e aumentar o risco de encalhes e armadilhas de gelo”.
Uma equipe multidisciplinar do Greenpeace está acompanhando os testes sísmicos. Com câmeras e microfones, a expedição está garantindo que a perturbação a uma vasta população de animais marinhos seja gravada e documentada. Sune Scheller, da campanha Salve o Ártico do Greenpeace Dinamarca, está a bordo do navio Arctic Sunrise. “A Shell e outras companhias petrolíferas esperam que o mundo não saiba da existência desses testes, muito menos que perceba o perigo que eles representam para as baleias ameaçadas de extinção e para outras espécies marinhas. Por isso nós estamos aqui: para expor essa loucura e manter olhos e ouvidos abertos, monitorando essa operação perigosa”, comentou.
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