Número de incêndios florestais cresce 27,5% no Brasil
2015 foi um ano difícil para o meio ambiente, especialmente castigado pela longa estiagem que atingiu todo o país, aliada à falta de fiscalização e crise econômica. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 235.629 focos de incêndios florestais, 27,5% a mais na comparação com 2014, que somou 184 mil pontos de calor. Os números se aproximam do recorde histórico registrado em 2010, quando houve 249.291 ocorrências no Brasil.
Para Alberto Setzer, coordenador do núcleo de queimadas do Inpe, o ano de seca facilitou a propagação do fogo pelo homem. “Não existe história de combustão natural. Foi atividade humana, seja por descuido ou proposital”, disse.
O pesquisador cita a falta de fiscalização e o cenário econômico como agravantes. De acordo com ele, a elevação do preço da carne impulsionou o número de queimadas para a abertura de pasto para a pecuária. Como exemplo, Setzer cita o aumento de 37,9% (para 80.518) nos focos de queimada na região de Matopiba, formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e forte na produção de soja, milho e algodão. “Nós só demonstramos indignação quando as queimadas atingem a Amazônia. Mas elas também avançam pelo Cerrado, causando prejuízos ambientais na nova fronteira agrícola brasileira”, lembra.
Pará lidera a lista de estados recordistas em queimadas, com 44.794 focos, seguido por Mato Grosso, com 32.984, e Maranhão, que registrou 30.066 focos de incêndios florestais. Em Minas Gerais, foram identificados 10.593 pontos de calor. Para serem identificados por satélites, os focos de queimadas precisam ter ao menos 30 metros de extensão por um metro de largura.
Durante o ano passado foram registrados incêndios florestais de grandes proporções e de longa duração, como o que destruiu cerca de 51 mil hectares – equivalente a 340 parques Ibirapuera – do Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia. As chamas queimaram o parque de outubro a dezembro. O governo baiano informou que investiu R$ 14 milhões em aluguel de aeronaves e na compra de equipamentos.
No sul do Maranhão, metade da terra indígena Arariboia ardeu em chamas por dois meses. Uma área equivalente a 260 mil campos de futebol foi destruída.