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Afluentes mineiros são os maiores poluidores do rio São Francisco

Afluentes mineiros são os maiores poluidores do rio São Francisco
Crédito: divulgação EcoDebate

A situação do rio São Francisco é “uma das mais problemáticas em termos de qualidade das águas superficiais”. A afirmação consta em um retrato atual e preocupante da situação do Velho Chico, referentes aos estudos divulgados neste mês pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do manancial (CBHSF) e que foram reunidos pela consultoria Nemus para nortear o Plano de Recursos Hídricos de 2016 a 2025 da entidade.

Conforme o relatório, os afluentes mineiros do São Francisco, responsáveis por 80,7% da vazão da bacia, também são a principal fonte de contaminação do Rio da Integração Nacional. Apenas a Bacia do rio das Velhas, a segunda em volume, depois do rio Paracatu, descarrega 321,9 metros cúbicos por segundo (m3/s) de água cheia de poluição por esgotos – constatada em 54,4% das amostras colhidas em seu percurso – e de mineração, detectada em 28% dos testes, sob a forma de altas cargas de arsênio, um semimetal tóxico que em concentrações elevadas pode provocar câncer de pele, pâncreas e pulmão, abalos ao sistema nervoso, malformação neurológica e abortos. Poluição em níveis acima dos tolerados pela legislação do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) é encontrada também nas bacias dos rios Paraopeba e Pará, sexto e sétimo maiores afluentes do Velho Chico, respectivamente.

As análises mostram que há poluição também por cádmio, chumbo, cianeto, cromo, mercúrio e zinco em concentrações acima das toleradas pela legislação Conama. As fontes poluidoras, de acordo com os relatórios, são esgotos, mineradoras, curtumes, frigoríficos, fábricas têxteis, usinas de ligas metálicas e siderurgia, principalmente na Grande BH, todas despejando efluentes sem tratamento e impunemente. O documento aponta que a situação das águas do rio que abastece 70% de Belo Horizonte e da Grande BH é “uma das mais problemáticas em termos de qualidade das águas superficiais, no conjunto da bacia hidrográfica do Rio São Francisco e até em nível nacional”.

Desde 2003, ações caras foram adotadas para aplacar os lançamentos de esgotos na Grande BH, mas o relatório é claro ao informar que isso pouco afetou o problema. “Houve investimentos em Estações de Tratamento de Esgoto no (Ribeirão) Arrudas e (Ribeirão do) Onça, mas o Índice de Qualidade da Água continua ruim. Importa salientar que a situação global do rio das Velhas permanece bastante crítica, com destaque para as zonas urbanas da cabeceira (Grande BH)”, conclui o relatório.

Com informações do Estado de Minas