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Ativistas denunciam maus tratos em granja americana

Ativistas denunciam maus tratos em granja americana
Crédito: MFA

Ativista vinculado à entidade Mercy For Animals gravou, secretamente, imagens de maus tratos a animais na fazenda McGinnis, em Dagsboro, estado de Delaware, Estados Unidos. A investigação ocorreu entre março e abril deste ano. Disfarçado, o investigador trabalhou por dois meses com serviços gerais, atendendo a uma população de 290 mil galináceos, alojados em sete celeiros. Ele estima que cerca de 17% dos animais da fazenda morrem antes de atingir a idade adulta.

A gravação retrata as técnicas empregadas para fazer os animais crescerem e ganharem peso o mais rápido possível. No vídeo, gravado com uma câmera escondida, o narrador afirma que galinhas são animais sociais, “como os cachorros e gatos que amamos”, mostrando as condições horríveis em que são alojados na granja.

“Se os consumidores souberem desses abusos, ficarão enojados. Infelizmente, isso que registramos é considerado normal na indústria avícola. Os padrões da indústria deixam a desejar”, afirmou Matt Rice, diretor de investigações da Mercy for Animals.

O principal cliente da fazenda McGinnis, a empresa Tyson Foods Inc., se pronunciou por meio do porta-voz Gary Mickelson, afirmando que “o bem-estar animal é uma prioridade” da empresa. Segundo Mickelson, quando o vídeo foi gravado, os animais da fazenda estavam acometidos por uma epidemia respiratória e as imagens não representam fielmente as condições do estabelecimento. “Não toleramos o tratamento impróprio de animais e levamos a sério esse tipo de denúncia”, acrescentou.

A região conta com 1.500 granjas, além de 4.600 pequenos produtores que, juntos, matam mais de 244 milhões de aves. De acordo com uma associação de produtores, o valor movimentado pela indústria avícola da região chegou a quase 3 bilhões de dólares em 2013.

A organização Mercy for Animals já divulgou cerca de 40 vídeos similares, gravados em estabelecimentos da indústria frigorífica por todo o país. Na Carolina do Norte, também já denunciaram abusos contra galináceos. No estado de Ohio, expuseram o assassinato violento de porcos, num frigorífico também fornecedor da Tyson Foods Inc.

Esse tipo de investigação tem causado polêmica nos Estados Unidos, onde diversos estados aprovaram legislação para coibir a prática, penalizando os ativistas. O senador republicano Brian Pettyjohn, do estado de Delaware, afirmou que estudará as medidas de outros estados para seguir o exemplo na região. “Isso é propaganda. Eles pegam as piores imagens e fazem as coisas parecerem piores do que são”, disse.

Para Rice, tais restrições infringem direitos garantidos pela Constituição. “É liberdade de expressão. Nossos investigadores conseguem esses empregos usando seus nomes verdadeiros, fazendo o trabalho designado para eles e documentando as condições com câmeras. É direito de todo e qualquer cidadão. Essas fazendas industriais gigantescas removeram os animais da consciência e da visão do público. É necessário que um investigador entre para informar as pessoas”, pontuou.

Representantes da fazenda McGinnis se recusaram a dar entrevista, segundo reportagem da Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda).