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Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos desde 2009

Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos desde 2009

Desde 2009, o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos, com consumo médio mensal de 5,2 kg de veneno agrícola por habitante. Entre 2001 e 2011, a venda de agrotóxicos no país aumentou de US$ 2 bilhões para mais de US$ 8,5 bilhões.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), “a liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos, já que o cultivo dessas sementes modificadas exige o uso de grandes quantidades desses produtos”.

Na intenção de fortalecer a regulação e o controle dessas substâncias e incentivar a agricultura orgânica, o Inca divulgou, na últim semana, documento se posicionando contra “as práticas de uso de agrotóxicos no Brasil”.

O instituto também ressaltou os riscos do uso desses produtos à saúde. As intoxicações agudas por agrotóxicos atingem os trabalhadores rurais, que sofrem com irritação de pele e olhos, cólicas, diarreias, dificuldades respiratórias, convulsões e morte. “Há uma subnotificação da intoxicação aguda porque nos serviços de saúde muitas vezes os sintomas são confundidos com uma virose. Em 2013, foram 5.500 casos registrados”, afirma Márcia Sarpa de Campos Mello, da Unidade Técnica de Exposição Ocupacional e Ambiental do Inca. “A Organização Mundial de Saúde estima que, para cada caso notificado, outros 50 não são comunicados”, diz.

Além desses sintomas, os agrotóxicos também provocam efeitos pela exposição crônica às substâncias químicas, como infertilidade, impotência, abortos, malformações e câncer.

O Inca alerta ainda que “a presença de resíduos de agrotóxicos não ocorre apenas em alimentos in natura, mas também em muitos produtos alimentícios processados pela indústria, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais matinais, lasanhas e outros que têm como ingredientes o trigo, o milho e a soja”.

Plano contra agrotóxicos

O governo brasileiro concluiu o texto final do Plano Nacional de Implementação da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes. O documento apresenta medidas de controle relacionadas ao uso, produção, importação, exportação e disposição final de substâncias poluidoras, conhecidas como Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs).

De acordo com o plano, os estados deverão realizar ações para identificação e destinação adequada dos estoques de agrotóxicos POPs existentes e campanhas para banimento completo desses produtos. A indústria também deve adotar práticas para evitar a contaminação do solo, água e implantar técnicas para eliminar os POPs, assim como buscar alternativas menos tóxicas.

A Convenção de Estocolmo entrou em vigor em 17 de maio de 2004 e estabelece que os países adotem medidas de controle relacionadas aos POPs. O Brasil ratificou a convenção em 2004 e “assumiu o compromisso de promover a redução e a eliminação dessas substâncias com a finalidade de proteger o meio ambiente e a saúde humana”, segundo o Ministério do Meio Ambiente.