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Ministério do Meio Ambiente corta quase metade do número de brigadistas em parques nacionais

A proximidade do período de estiagem e o aumento do risco de incêndios florestais parece não preocupar as autoridades. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) decidiu cortar quase pela metade o número de brigadistas que atuam em parques nacionais. Documentos internos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão subordinado ao MMA, mostram que, se em 2014 existiam 1.589 brigadistas atuando em 91 unidades de conservação, em 2015 serão apenas 987 brigadistas em 62 unidades.

Segundo reportagem do jornal O Globo, que teve acesso ao documento do ICMBio, os cortes são resultado do ajuste fiscal que o governo implementou e que já atingiu outras áreas, como as universidades federais e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que cancelou a contagem populacional em 2016.

“Frente às previsões de fortes restrições orçamentárias no governo federal, o ICMBio enfrenta um momento de readequação de ações. Assim, foram reduzidos tanto o efetivo de brigadistas quanto as Unidades de Conservação Federais autorizadas a contratar brigadas”, explicou Christian Niel Berlinck, coordenador de emergências ambientais.

A situação é crítica. No Parque Cabo Orange (AP), por exemplo, vai haver um brigadista para cada 44 mil hectares – cada hectare equivale a 10 mil metros quadrados. No Parque das Nascentes do Parnaíba, no Piauí, há um brigadista para cada 34 mil hectares. Não há uma medida ideal para essa proporção, porque é preciso levar em consideração a vegetação, o clima e as ilhas de calor em um parque, mas uma relação razoável seria um brigadista para cada 110 hectares.

Os cortes não pouparam sequer áreas consideradas patrimônio natural da humanidade, como o Parque das Emas, em Goiás. Considerada a maior reserva de Cerrado do Brasil, a área tem histórico de queimadas. Em 2010, 90% da unidade de conservação foram consumidos pelas chamas. O Parque Nacional de Itatiaia, a reserva mais antiga do Brasil, criada por Getúlio Vargas, também está em risco. Entre 1937 e 2008, sofreu com 323 incêndios. Só no ano passado, foram dois.

Com informações do O Globo