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Ateado na sexta (30), incêndio já destruiu cerca de 400 hectares de Mata Atlântica na APA de Jaguaraçu, próxima ao Parque do Rio Doce

Ateado na sexta (30), incêndio já destruiu cerca de 400 hectares de Mata Atlântica na APA de Jaguaraçu, próxima ao Parque do Rio Doce
Acesso à estrada que liga a BR-381 à cidade de Jaraguaçu / Crédito: Wikipédia

“Ateado na sexta-feira (30), o fogo criminoso que já destruiu cerca de 400 há de Mata Atlântica na APA Municipal de Jaguaraçu, ainda não havia sido debelado até início da tarde de hoje (03). Segundo o secretário de meio ambiente do município, José Batista de Assis, a suspeita é de que tenha sido colocado por caçadores ou frequentadores das cachoeiras que existem dentro da unidade de conservação, que tem 8.000 hectares.

Funcionários da prefeitura, incluindo o próprio prefeito, lutam para conter o incêndio, que se espalha por área de difícil acesso. No momento, 25 pessoas atuam no local.

José Batista informou que a APA abriga cerca de 50 nascentes formadores do rio Doce e sofre constantemente com caçadores e proprietários que promovem festas no estilo “”rave”” em cachoeiras da região. A APA tem apenas dois funcionários, insuficientes para sua gestão.

É a primeira vez que incêndios deste porte acontecem no Estado no mês de janeiro. A bacia do rio Doce sempre concentrou grande parte das chuvas que caem em Minas e altos índices de umidade.Para a superintendente da Amda, Dalce Ricas, o fato é apenas prenúncio dos incêndios que serão enfrentados este ano.

“”Esperamos que o poder público acredite agora que a geração de água no Estado depende da proteção da cobertura vegetal e a prevenção e combate a queimadas seja considerada ‘política de governo’ em Minas. Caso contrário, a situação vai piorar ainda mais””, alerta.

APA de Jaguaraçu não é a única que enfrenta problemas com queimadas. No domingo (01), apesar do calor e de não terem combustível para abastecer o trator que auxilia no combate, funcionários do IEF conseguiram debelar incêndio na zona de amortecimento no Parque Estadual Lagoa do Cajueiro, localizado em Matias Cardoso, Norte do Estado, que chegou a 80 metros do limite da unidade de conservação, responsável por proteger valioso remanescente de Mata Seca, ecossistema associado ao bioma Mata Atlântica.

A seca atípica em janeiro mudou o cenário que costuma ser observado nesta época do ano. O número de focos de queimadas em 2015 é o maior para o período desde 1999, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) iniciou o monitoramento diário por satélites da ocorrência de incêndios no Brasil. Em Minas Gerais, foram registrados 156 focos de queimadas entre 1º de janeiro e 2 de fevereiro, 12% a mais que no mesmo período do ano passado. Em todo o país, o Inpe registrou 4.139 focos em janeiro de 2015 contra 2.634 focos no mesmo mês do ano passado.

A Amda enviou ofício ao secretário de meio ambiente, deputado Sávio Souza Cruz, solicitando que o PrevIncêndio seja pauta da primeira reunião plenária do Copam, que deverá ser realizada em março próximo.

Em nota, Vinícius de Assis Moreira, gerente do Parque Estadual do Rio Doce, Unidade de Conservação vizinha à APA Jaguaraçu, informou que o Parque apoiou e orientou as ações dos parceiros envolvidos, contudo, eles têm enfrentado grandes desafios para o controle de incêndios no Parque devido à alta depreciação de veículos e dificuldades com seu abastecimento.

“”Fizemos o que pudemos. Estamos tristes por não termos condições de fazer mais. A APA reúne todos os requisitos para se criar uma UC estadual e isso já foi proposto em 2012 por nós do Parque””, explica Moreira.