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Por falta de combustível, parques mineiros podem ser fechados

Por falta de combustível, parques mineiros podem ser fechados
Parque Estadual do Itacolomi / Crédito: Amda

Incêndios, caçadores, extrativismo ilegal, invasões, e pressões diversas em seu entorno são algumas das muitas ameaças que cercam as unidades de conservação (UC). Além de tantos desafios, os gerentes dos parques mineiros enfrentam um novo problema: a falta de combustível para os veículos das UCs. O desabastecimento pode gerar, além da falta de monitoramento e exposição da área a diversos perigos, ao fechamento para visitação, o que já aconteceu com o Parque Estadual do Itacolomi.

Localizado nos municípios de Mariana e Ouro Preto, na região sudeste de Minas Gerais, o Itacolomi tem 7.543 hectares de extensão. Em média, o parque recebe entre 1.200 e 1.500 visitantes por mês, mas em dezembro e janeiro este número aumenta consideravelmente, chegando aos 3.000. O gerente da UC, Juarez Távora, conta que sem combustível é totalmente inviável receber visitantes, devido à extensão do parque – o centro de visitantes fica a 5 km da portaria.

“Não é possível receber visitantes sem que os funcionários tenham como se deslocar. Os funcionários do parque estão lá, mas a visitação está fechada desde segunda. O Parque tem muitas trilhas e existem riscos de acidentes”, conta o gerente.

Távora ainda relata que o combustível do parque acabou na semana anterior, na quarta-feira (26/11), mas que já haviam visitas de escolas agendadas, e para não desmarcar, ele abasteceu com seu próprio dinheiro para conseguir manter o funcionamento do parque.

“Fiz uma declaração falando que estava realizando uma doação de combustível para o parque, para que recebêssemos visitantes no final de semana. Porém, na segunda-feira, como a situação continuou, o parque parou de receber visitantes”, lamenta Távora.

O Itacolomi não é a única UC que sofre pela falta de combustível. João Carlos, gerente do Ibitipoca, disse que o último fornecimento foi por volta do dia 18 de novembro. Segundo ele, os funcionários estão economizando e o combustível deve durar até meados deste mês. Apesar de João Carlos não considerar necessário fechar o parque, ele admite que, se o combustível acabar, as atividades da UC ficarão muito prejudicadas. Por sua pequena extensão, cerca de 1.000 ha, e características locacionais opográficas, o Ibitipoca não depende tanto da circulação de veículos como outras unidades de conservação.

No caso do Parque Estadual do Rio Preto, o último abastecimento também aconteceu no dia 18 de novembro. Segundo o gerente, Antônio dos Santos, mais conhecido como Tonhão, os funcionários também estão economizando, mas o estoque de combustível dos veículos já está chegando ao final. Segundo ele, o parque tem várias visitas agendadas até o final do ano, mas se a situação não se resolver, será preciso cancelá-las.

“Estamos segurando a barra com o combustível do dia 18 de novembro. Se não aparecer uma luz no fim do túnel vou ter que fechar o parque e cancelar as visitas”, afirma Tonhão.

A Amda entrou em contato com a Semad, que afirmou em nota que “o contrato vigente para abastecimento dos veículos do Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) venceu no último dia 18 de novembro. Todas as medidas administrativas estão sendo tomadas para que o novo contrato seja efetivado e para que a situação seja regularizada. A previsão para restabelecimento do abastecimento dos veículos Oficiais do IEF é a partir de 09/12/2014.”

Para Dalce Ricas, superintendente executiva da Amda, a situação dos parques reflete o grave “apagão ambiental” em que Minas está mergulhado. “Desde o governo Itamar Franco não enfrentávamos esta situação de abandono no Estado. O descaso com as unidades de conservação parece fazer parte de orientação deliberada do Governo, que se iniciou com o sequestro dos recursos de compensação. A impressão que temos, é que a Seplag, Fazenda e AGE ditam as regras dentro da Semad e seus titulares consideram este assunto completamente secundário. É pena que não consigam sair de seus ‘míopes guetos’ de poder e enxergar a importância da proteção dos recursos naturais”, diz.