Notícias

Greenpeace denuncia Caixa Econômica Federal de financiar desmatamento na Amazônia

Greenpeace denuncia Caixa Econômica Federal de financiar desmatamento na Amazônia
Ativistas do Greenpeace protestam em Brasília para exigir que a Caixa Econômica Federal não financie mais a destruição da Amazônia / Crédito: Wenderson Araújo/Greenpeace

A Caixa Econômica Federal é o novo alvo de protestos do Greenpeace. Uma investigação de dois anos feita pela ONG no estado do Pará revelou que o atual sistema de controle da madeira não é apenas falho, mas alimenta a degradação florestal e o desmatamento. O Greenpeace realizou um protesto nesta terça-feira (18) na sede do banco em Brasília, para denunciar a conexão do programa Construcard com a exploração ilegal e predatória de madeira na Amazônia. Faixas simulando o cartão Construcard traziam a mensagem: “Para o programa ser legal, a madeira não pode ser ilegal”. Os ativistas despejaram um caminhão com pó de serra em frente ao prédio.

O Construcard é um financiamento oferecido pela Caixa para adquirir material de construção. Em até seis meses, o beneficiado pode fazer as compras pagando somente os juros dos valores. Ele tem então até 20 anos para quitar a dívida. De acordo com o banco, existem mais de 60 mil empresas conveniadas com permissão para vender material de construção no programa. A madeira nativa da Amazônia, utilizada para a confecção de pisos, mesas, cadeiras, armários, portas e janelas, entre outros produtos, está entre os materiais que podem ser encontrados nessas lojas.

O Greenpeace fez uma investigação de dois anos no estado do Pará, analisando planos de manejo e empresas cadastradas pela Caixa. Dos cinco casos com indícios de fraude, ao menos três realizaram transações comerciais com empresas da cadeia de lojas cadastradas no programa Construcard da Caixa: Agropecuária Vitória Régia, Ceser Busnello e Tecniflora.

Entre 2009 e 2013, foram realizadas 1.239 negociações de madeira lastreada em créditos provenientes de casos em que há o manejo inadequado e a retirada ilegal de madeira. O volume total de madeira comercializada neste período foi de 7.527 metros cúbicos, o equivalente à carga de mais de 300 caminhões madeireiros.

Segundo o Greenpeace, em função da facilidade em se gerar crédito a partir das falhas no sistema de controle, grande parte da madeira extraída ilegalmente na Amazônia chega ao mercado com documentação oficial, deixando claro que os papéis do governo não são suficientes para garantir a origem e legalidade da madeira e, portanto, a exploração sustentável da floresta. Ainda de acordo com a ONG, entre agosto de 2011 e julho de 2012, estima-se que 78% das áreas com atividades madeireiras no Pará, maior produtor e exportador de madeira da Amazônia, não tinham qualquer autorização de exploração.

“O comprometimento com a preservação da floresta passa pela exigência imediata de garantias que vão além dos documentos oficiais por parte do mercado. Apesar de ser uma iniciativa positiva, o programa Construcard, da Caixa, precisa adotar medidas adicionais para assegurar que seus clientes não se tornem cúmplices da destruição da Amazônia”, disse Marina Lacôrte, da campanha Amazônia do Greenpeace.

A ONG solicitou que a Caixa descredencie imediatamente as lojas conveniadas ao Construcard que receberam madeira dos planos de manejo denunciados ou já condenados por fraudes.