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Limites do Parque Estadual Alto Cariri podem ser alterados para atender interesse minerário

Limites do Parque Estadual Alto Cariri podem ser alterados para atender interesse minerário
Parque Nacional do Alto Cariri / Crédito: Giovano Siqueira / Internet

Press Release

Belo Horizonte, 17 de novembro de 2014 – Projeto de Lei nº 4.743/2013, de autoria do Deputado Carlos Pimenta (PSDB), que visa alterar os limites da área do Parque Estadual Alto Cariri, na região do Alto e Médio Jequitinhonha, será pautado em reunião da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que acontecerá amanhã (18), às 10h. O objetivo do projeto, segundo o parlamentar, é retirar área onde vivem algumas famílias, que enfrentam restrições de uso do solo devido o Parque, o que seria compensado com anexação de outra área.

Em setembro deste ano, membros da Comissão visitaram o local, acompanhados pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). Antes da visita, o órgão emitiu nota técnica concordando com a alteração, mas propondo anexação de área bem maior do que a apontada no PL. O deputado Carlos Pimenta recusou-se a aceitar a modificação, alegando urgência na votação, devido à mudança na composição da ALMG.

Coincidentemente, á área a ser retirada do Parque abriga valioso corpo mineral de grafite, cuja concessão pertente à Nacional de Grafite Ltda, que já possui, inclusive, autorização de pesquisa e requerimento de lavra concedidos pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

“Não há como ignorar a coincidência. Na área residem somente 12 famílias, cujas dificuldades podem ser resolvidas de diversas formas. Mas para a Nacional de Grafite abrir mina, só mesmo deixando de ser parque”, questiona Dalce Ricas, superintendente da Amda.

Segundo apurado pela entidade, o IEF emitiu um segundo parecer, no qual, além de reafirmar necessidade de que a área a ser anexada tem de ser maior do que a retirada, solicita que o PL inclua compromissos obrigatórios da empresa, relativo à regularização, estruturação e manutenção da unidade de conservação.

“A criação do Parque, conforme determina a Lei, foi precedida de audiências públicas e apresentação dos estudos técnicos que a justificaram. O mesmo deveria acontecer para qualquer modificação. Não somos contra por princípio, mas é preciso que fique claro e registrado que a mudança o beneficiará”, afirma Dalce.

Sobre a unidade de conservação

O Parque Alto Cariri foi criado pelo Decreto 44.726, de 2008. A unidade de conservação tem 6.151 hectares ocupados pela Mata Atlântica, onde vive um bando de monocarvoeiro ou muriqui-do-norte, o maior primata das Américas, considerado “criticamente ameaçado”, o mais alto grau da escala. Endêmico deste ecossistema, que só existe no Brasil, estima-se população máxima de 1.000 indivíduos que sobrevivem em remanescentes de Mata Atlântica em Minas, que abriga a maior população, Bahia e ES.

Para mais informações: (31) 3291 0661