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Ibirité quer reduzir zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola Moça

Ibirité quer reduzir zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola Moça
Parque Estadual da Serra do Rola Moça pode ter zona de amortecimento reduzida / Crédito: João Cruzue

Além dos incêndios, o Parque Estadual da Serra do Rola Moça, situado na região metropolitana de Belo Horizonte, enfrenta uma nova ameaça: redução de sua zona de amortecimento. Nesta segunda-feira (10), durante reunião do Conselho Consultivo do parque, o diretor de áreas protegidas do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Henri Collet, comunicou que o IEF recebeu proposta da prefeitura de Ibirité para redução da zona de amortecimento da unidade de conservação para expansão da área urbana do município. Todos os conselheiros presentes expressaram total repúdio à ameaça. Além do projeto, Ibirité aprovou, ilegalmente, o loteamento Barreirinho, limítrofe ao parque.

De acordo com a legislação, nas zonas de amortecimento de unidades de conservação, áreas rurais não podem ser convertidas em urbanas. A proposta de Ibirité pode causar perigosos impactos ao Rola Moça, como destruição de ambientes naturais na base da serra, que são corredores ecológicos importantes, com sérias consequências à biodiversidade do parque; impactos sobre mananciais de água; aumento dos riscos de assaltos e até homicídios para quem usa a estrada; degradação da paisagem; aumento dos incêndios; e agravamento das atividades de caça e tráfico de animais e plantas silvestres.

“É lamentável e revoltante a postura do município. Ao invés de zelar pela conservação do parque reconhecendo os inúmeros serviços ambientais que o mesmo presta à Ibirité, como, por exemplo, o fornecimento de grande parte da água que abastece sua população, apresenta proposta que, se aprovada, representará o maior retrocesso ambiental na história da unidade de conservação”, afirmou Lígia Vial, assessora jurídica da Amda. Para ela, isso demonstra o atraso socioambiental vivido pelo município e o quanto suas políticas públicas são exclusivamente baseadas em interesses econômicos de alguns, em detrimento da proteção do meio ambiente e da busca pela melhoria da qualidade de vida de sua população.

O Rola Moça é um dos parques em Minas Gerais que protegem importantes ambientes de campos sobre canga ferruginosa, vegetação restrita a pequenas áreas localizadas principalmente no Quadrilátero Ferrífero mineiro. Trata-se de vegetação com grande número de espécies endêmicas – restritas a locais específicos -, sendo muitas delas raras e ameaçadas. Os ambientes naturais existentes no “pé” da serra, geralmente compostos por tipologias florestais, são essenciais à manutenção da vida silvestre. Eles fornecem, por exemplo, alimentação e abrigo a inúmeras espécies da fauna que não sobreviveriam nas partes mais altas, em ambientes de campo.

A proposta causou revolta entre entidades ambientalistas, condomínios e usuários do parque que, para impedir este crime ambiental, lançaram, nesta quarta-feira (12), uma petição online pedindo adesão da sociedade para proteger o Rola Moça, já tão devastado pelos grandes incêndios florestais deste ano, que queimaram mais de 700 hectares (17,5%) de sua área, além de 771 hectares de seu entorno.

A mobilização é realizada pelas entidades Zeladoria do Planeta; Instituto Sustentar; Associação Cultural Ecológica Lagoa do Nado – BH; Associação Comunitária Regional de Casa Branca; Associação Comunitária de Moradores e Proprietários do Jardim Casa Branca; Instituto Casa Branca de Proteção à Fauna e Flora; Condomínio Gran Royalle; Associação Comunitária Recanto da Aldeia; ONG Macabi; e Ama-Aldeia.

Além da assinatura, as instituições sugerem que os cidadãos enviem mensagens ao secretário de Meio Ambiente do Estado, Alceu José Torres Marques (gabinete.semad@meioabiente.mg.gov.br); ao atual governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Menezes (governador@governo.mg.gov.br); ao governador eleito, Fernando Pimentel (secretariageral@ptmg.org.br); e ao atual presidente da Assembleia Legislativa de Minas, Diniz Pinheiro (dep.dinis.pinheiro@almg.gov.br), que tem base eleitoral no município.

A Amda alerta que se a proposta for aprovada, abrirá precedente para outros municípios que já manifestaram interesse, como Brumadinho e Nova Lima. Não podemos deixar que isto aconteça! Junte-se a nós para proteger o Parque Estadual da Serra do Rola Moça! Assine a petição e compartilhe!