Parque Nacional da Serra do Cipó é fechado para visitação em decorrência de incêndio florestal de grandes proporções
15 de outubro de 2014
Incêndio destruiu RPPN Alto do Palácio
Press Release
Belo Horizonte, 15 de outubro de 2014 – O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) comunicou, nesta quarta-feira (15), a proibição de visitas ao Parque Nacional da Serra do Cipó devido a incêndio de grandes proporções que destrói, desde sábado (11), a unidade de conservação. Estima-se que entre 2 mil e 2.500 hectares já foram queimados.
As chamas começaram na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Alto do Palácio, limítrofe ao parque, e se alastrou para a unidade de conservação. Em depoimento emocionado à Amda, Jorge Daviz, proprietário da RPPN, relatou que apenas o viveiro de mudas foi salvo das chamas e se não fosse a ajuda de outras pessoas, sua casa teria sido destruída pelas chamas. Revoltado, desabafou descrença no poder público, lembrando que há mais de 30 anos protege sua propriedade e num momento como este não teve ajuda suficiente para impedir sua destruição.
No momento, o fogo está na parte norte do parque Serra do Cipó, região conhecida como Travessão, e caminha para local chamado Vale do Bocaina. De acordo com Paula Ferreira, analista ambiental do parque, uma grande equipe atua no combate às chamas. São 35 brigadistas do ICMBio; 14 da brigada municipal de Jaboticatubas, contratada pelo Ibama; e de 10 a 15 voluntários que contam com apoio de duas aeronaves air tractor e um helicóptero. Eles ainda aguardam a chegada de 25 bombeiros civis. Os brigadistas utilizam abafadores, chicotes, moto bombas e bombas costais.
Para a superintendente executiva da Amda, Dalce Ricas, a situação é de calamidade pública. “Se os danos à saúde pública causados pela fumaça e fuligem do fogo, à água pela destruição da cobertura vegetal que a protege e pela poluição que será causada quando as chuvas carregarem cinza e terra para dentro dos cursos d’água, a morte de milhares de animais e plantas, estragos nas redes elétricas e custos do combate fossem expressos em números, é provável que sejam iguais ou maiores do que o investimento necessário para mudar esse quadro de destruição”, avalia.
Para ela, o Governador, a presidente da República, secretários, ministros e deputados deveriam visitar as áreas queimadas. “Eles deveriam sair do ar condicionado de suas salas e ver a desolação mortal deixada pelo fogo. Com boa parte do país queimando, no debate de ontem, os dois candidatos à presidência sequer mencionaram as alterações climáticas que ameaçam o planeta. Quem sabe assim acreditariam que vivem no Planeta Terra?”, ironiza.
O manancial de Rio Manso da Copasa continua também queimando. O incêndio começou no último domingo (12), provavelmente devido a foguetes, e após queimar boa parte da floresta que protege a barragem, espalhou-se pela região e o principal foco está no local conhecido como Alto do Viamã, próximo à BR-381, onde existem diversas nascentes.
Apesar do desespero e cansaço, o coordenador da brigada, Fabrício Araújo, que também atua no combate, está impressionado com a solidariedade das pessoas. “Ontem apareceram mais de 20 voluntários. Eles chegam de carro, moto, a pé, carregando enxadas e foices. Isto anima a gente a seguir em frente”, diz.