Inventário florestal do Rio de Janeiro identifica 31 espécies vegetais ameaçadas de extinção
8 de outubro de 2014
Trecho preservado da Mata Atlântica no Rio de Janeiro / Crédito: Custódio Coimbra / O Globo
Trinta e uma espécies de vegetais – entre árvores, arbustos, bromélias, orquídeas e bambus – do Rio de Janeiro estão ameaçadas de extinção. A informação consta em levantamento inédito que está sendo desenvolvido pela Secretaria estadual do Ambiente. Técnicos vão analisar 282 áreas verdes do estado, cada uma com 4 mil metros quadrados. O objetivo do estudo é encaminhar 15 mil amostras de plantas para o Jardim Botânico até o fim de 2015 – 6.500 já foram coletadas. A ideia é que o levantamento seja atualizado a cada cinco anos.
Metade das áreas, localizadas nas regiões dos Lagos, Serrana, Norte e Noroeste já foi estudada. Os recursos para o inventário florestal são decorrentes de fundos de compensações ambientais, com apoio técnico do Serviço Florestal Brasileiro do Ministério do Meio Ambiente.
De acordo com a superintendente de biodiversidade e florestas da Secretaria estadual do Ambiente, Denise Rambaldi, o estudo será um valioso instrumento para nortear as futuras políticas de proteção ambiental. “A maior parte das espécies ameaçadas de extinção está fora das unidades de conservação ambiental do estado. Isso é algo que serve como um alerta para todos nós”, destaca.
Garantindo que houve avanços significativos no combate ao desmatamento na Mata Atlântica no Rio, a Secretaria informa que, agora, seu objetivo é ampliar os parques e as reservas já existentes, além de apoiar a criação de unidades municipais. Rambaldi aponta que o maior desafio do governo fluminense é preservar o que chama de fragmentos do bioma: “os grandes remanescentes florestais estão protegidos. Devemos olhar com mais atenção aos fragmentos da Mata Atlântica com menos de mil hectares. O mapeamento dessas áreas está sendo feito”.
Para a bióloga Alba Simon, idealizadora do projeto, o levantamento é um divisor de águas: “vamos saber o tamanho real da Mata Atlântica. Não será mais possível conceder licenças para empreendimentos sem consultas ao estudo, que se tornará um mecanismo da política pública”.
“Os resultados vão mostrar, por exemplo, que o Rio tem um potencial enorme para o manejo florestal, que é a forma de conseguir benefícios econômicos de áreas verdes de maneira sustentável”, afirma Rambaldi, acrescentando que o estudo ainda ajudará a estabelecer novas regras para licenciamentos ambientais.
Ameaçadas
Entre as espécies ameaçadas de extinção identificadas, quatro delas, que sofrem com a urbanização de áreas litorâneas, só podem ser encontradas no Rio de Janeiro. São elas: sapucaia-miúda; ingá-da-restinga; Machaerium obovatum; e Plinia ilhensis – ambas não receberam nomes populares.