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Problema de regularização fundiária pode ser responsável por incêndios na Serra da Canastra

Problema de regularização fundiária pode ser responsável por incêndios na Serra da Canastra
Foto: Vista do Parque da Serra da Canastra / Crédito: Wikipedia

O incêndio que aconteceu no Parque Nacional da Serra da Canastra entre os dias 16 e 20 de julho e destruiu cerca de 8.000 hectares de sua vegetação e matou milhares de animais, aumentou a preocupação e o estado de alerta com relação à segurança das nossas áreas protegidas na época de maior incidência de incêndios florestais.

De acordo com Darlan Pádua, chefe da unidade de conservação, a causa do incêndio ainda é desconhecida. “Por enquanto estamos preocupados em combater o fogo, depois será discutido como a investigação acontecerá. Ainda existem outros focos de incêndio que estavam começando do lado de fora do Parque, então o combate agora é nossa prioridade.”

O Parque possui 39 brigadistas contratados e uma frota de diversos veículos para serem utilizados no combate de incêndios no Parque. Porém, apesar disso, não é a primeira vez que queimadas atingem a UC. Todos os anos, incêndios florestais destroem milhares de hectares na unidade. Darlan conta que, em 2012, um incêndio destruiu cerca de 50 mil hectares do Parque. Na investigação foram encontrados rastros de casco de cavalo e de patas de cachorro, além de palitos de fósforo riscados. Mas, infelizmente, apesar dos indícios de incêndio criminoso, nenhum culpado pela ação nunca foi identificado.

O Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado em 1972, com 200 mil hectares, para preservar as nascentes do rio São Francisco e vários outros monumentos. Apesar da extensão do Parque, na sua criação, apenas 70 mil hectares foram desapropriados e indenizados, deixando uma área significativa sem regularização. Segundo Darlan, desde que ele assumiu a chefia da unidade de conservação, em 2009, já foram incorporados mais 12.000 hectares ao Parque, mas a área não regularizada continua muito grande.

Para Maria Dalce Ricas, superintendente executiva da Amda, como ainda existem muitas propriedades privadas dentro do Parque, não há dúvida de que os incêndios são ateados propositalmente em sua maioria.

“Se consideramos o que se gasta anualmente para combater incêndios e estabelecermos valor econômico aos danos ambientais causados por eles, é bem provável que fique mais barato solucionar o problema fundiário do parque”, ironiza Dalce.