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Ambientalistas enviam ofício a deputados em favor da proteção das Unidades de Conservação

Ambientalistas enviam ofício a deputados em favor da proteção das Unidades de Conservação
Parque Estadual do Rio Doce / Crédito: Wikipedia

A fim de se posicionar contrária a Frente Parlamentar em Defesa das Populações Atingidas por Áreas Protegidas (Unidades de Conservação e Terras Indígenas), a Frente Mineira pela proteção da Biodiversidade enviou nesta terça-feira (24) ofício para os 26 deputados federais mineiros que fazem parte da Frente Parlamentar.

No ofício, os ambientalistas lembram que “apesar da criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação em 2000, curiosamente o Congresso Nacional nunca tomou qualquer iniciativa no sentido de apresentar medidas de fortalecimento das unidades de conservação criadas no país, atualmente sujeitas a invasões, desmatamentos, incêndios, caça e captura de animais, e com enormes dificuldades para realização da regularização fundiária”.

A Frente Parlamentar, composta por 214 deputados e liderada pelo deputado Weverton Rocha (PDT-MA), foi criada para reavaliar a questão fundiária dentro de Unidades de Conservação, e está na contra mão de qualquer iniciativa que fortaleça as áreas protegidas. No ofício, a Frente sugere que os deputados ouçam “os especialistas no assunto e também os diferentes segmentos da sociedade, para tomar decisões com embasamento no melhor conhecimento acumulado nas últimas décadas.”

As unidades de conservação têm um papel essencial para toda a sociedade. Elas são responsáveis por 9% da água para consumo humano no Brasil. Além disso, 80% da hidreletricidade do país vem de fontes geradoras que têm pelo menos um tributário a jusante de unidades de conservação; as projeções do turismo nas unidades de conservação federais e estaduais indicam, para 2016, um impacto econômico potencial de cerca de R$ 2,2 bilhões.

O ofício ainda ressalta que “as unidades de conservação não constituem territórios ou espaços protegidos intocáveis, sem possibilidade de abrigar atividades humanas. Estudo do Ministério do Meio Ambiente, entre 2010 e 2011, demonstra que elas fornecem direta e/ou indiretamente bens e serviços que satisfazem várias necessidades da sociedade brasileira.”

A Frente Mineira pela proteção da Biodiversidade, que assina o ofício, é composta pelas seguintes entidades: Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro (Anga); Associação Amigos de Iracambi; Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda); Centro de Estudos Ecológicos e Educação Ambiental (Ceco); Centro de Estudos Ambiente Brasil; Conservação Internacional (CI); Ecologia e Observação de Aves (Ecoavis); Fundação Biodiversitas; Fundação Relictos; Instituto Ekos; Instituto Espinhaço; Instituto Hóu para Cidadania; Movimento Pró Rio Todos os Santos e Mucuri (MPRTSM); Movimento Verde de Paracatu (Mover); Zeladoria do Planeta; e Frente Mineira pela proteção da Biodiversidade.

SOS Mata Atlântica faz pressão para que deputados se desliguem da Frente em Brasília

A SOS Mata Atlântica também está realizando ações para orientar os deputados sobre a importância das Unidades de Conservação. Mário Mantovani, Diretor de Políticas Públicas da organização, conta que a SOS Mata Atlântica está conversando pessoalmente com todos os deputados que compõem a Frente Parlamentar, e que até então, muitos deles afirmam que entraram para o grupo sem entender do que se tratava ou quais eram os objetivos da Frente.

“Realizamos um café da manhã com vários deputados em Brasília, explicamos os objetivos da Frente Parlamentar e vários deles afirmaram que nem sabiam que estavam fazendo parte daquele grupo”, explica Mantovani, que também relata que mais de 30 deputados já estão tentando sair da Frente Parlamentar, mas ainda não conseguiram formalizar o desligamento com o grupo.

“Em Brasília, estamos conversando pessoalmente com os deputados, e também estamos pedindo para que as pessoas conversem com os deputados nos seus Estados para aumentar a pressão contra a Frente Parlamentar.”, conta Mantovani.