Atraso no funcionamento de usinas deixa Brasil sem produção de 3 mil megawatts
Cerca de 70 usinas deveriam ter entrado em operação no primeiro trimestre deste ano, mas, após inúmeras revisões, tiveram suas datas adiadas para os próximos meses. Com isso, o país perde a geração de quase 3 mil megawatts (MW), o que representa quase 90% do previsto. O jornal O Estado de São Paulo analisou os relatórios do Departamento de Monitoramento do Sistema Elétrico da Secretaria de Energia Elétrica (DMSE) e cruzou os dados com o último documento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), referente a março.
O volume não produzido seria suficiente para abastecer uma cidade de cerca de 8 milhões de habitantes, ou todo o estado do Ceará. Além desse prejuízo, especialistas afirmam que as constantes revisões dos prazos podem prejudicar a operação do sistema. As hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em construção no rio Madeira, são um exemplo de revisões no cronograma e atrasos.
Na avaliação do presidente da CMU Comercializadora, Walter Froes, não há gestão em cima dos projetos. Ele destaca, por exemplo, as térmicas do Grupo Bertin que não foram construídas como o previsto. “Se essas usinas, com capacidade de cerca de 5 mil MW, tivessem entrado em operação, hoje o nível dos reservatórios estaria 25 pontos porcentuais acima do atual”, disse.
Racionamento
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem solicitado a determinados geradores que desliguem ou alterem o modo de operação de algumas turbinas de suas hidrelétricas durante a madrugada para economizar água dos reservatórios. A medida tem sido adotada em algumas usinas de Furnas, da Cemig e da AES Tietê, além da hidrelétrica de Itaipu.
Em documento divulgado em seu site, o órgão explica que o desligamento das turbinas faz parte de algumas ações adotadas para recuperar o nível dos reservatórios do Sudeste, em razão do baixo volume de água armazenado na região, sobretudo nas hidrelétricas localizadas na bacia do rio Grande. O nível dos reservatórios da região Sul/Sudeste está próximo de 36%, abaixo dos 43% projetados há dois meses pelo próprio ONS.