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Imóveis em Escarpas do Lago invadem áreas de preservação permanente

Imóveis em Escarpas do Lago invadem áreas de preservação permanente
Lagos secos por causa da estiagem permitem uma melhor visualização das áreas invadidas pelos imóveis irregulares no complexo de Furnas / Uarlen Valerio/ O Tempo

O condomínio Escarpas do Lago, em Capitólio, no Sul de Minas, abriga centenas de mansões que invadem e degradam Áreas de Preservação Permanente (APPs), comprometendo o meio ambiente e o nível do reservatório de Furnas, já bastante afetado pela estiagem prolongada deste ano. Na tentativa de frear este processo, o Ministério Público Federal (MPF) em Passos recomendou à Furnas Centrais Elétricas S.A. a adoção de medidas administrativas de fiscalização e prevenção nas APPs e nos espaços desapropriados da Hidrelétrica Mascarenhas de Morais, no rio Grande. A meta do MPF é desapropriar e demolir as obras ilegais erguidas nos últimos anos. A ação envolve mais de 1.400 imóveis.

Conforme reportagem do jornal O Tempo, o laudo de perícia criminal da Polícia Federal revela que em Escarpas do Lago a construção irregular de murros de arrimo e de plataformas para ancoragem de embarcações provoca movimentações de terra às margens da represa. Esses muros, devidamente aterrados e construídos de forma clandestina, de acordo com o MPF, são utilizados para ampliação de construções de imóveis, que chegam a avançar sobre o espelho d’água.

Os peritos concluíram que essas intervenções, incluindo as submersas, podem acarretar acidentes a embarcações e assoreamento do fundo da represa. Para a elaboração dos laudos, a PF utilizou imagens de satélite que comprovam as invasões das áreas protegidas e possibilitam a identificação exata dos imóveis irregulares.

A assessoria de Furnas informou, segundo o jornal, que existem marcos delimitando o início da área alagável, que corresponde à APP, no entorno dos reservatórios de suas usinas, incluindo a de Furnas e Mascarenhas de Moraes. Informou ainda que a empresa promove vistorias técnicas periódicas, utilizando embarcações e veículos, visando evitar ocupações ilegais, reportando casos de invasões e construções irregulares às autoridades competentes.

O presidente da Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago) e prefeito de Coqueiral, Arnaldo Lemos Figueiredo, aponta “excessos” na ação do Ministério Público Federal relacionada à degradação ambiental da represa de Furnas. Ele alega que obras como as que envolvem a construção de ancoradouros, por exemplo, são essenciais para o bem-estar dos moradores. Além disso, admite que cerca de 15% dos 52 municípios da Alago ainda despejam esgoto no reservatório.

Além de dezenas de mansões em APPs, constam ações contra a prefeitura de Delfinópolis, uma das várias que ainda lançam esgoto no lago de Furnas, e que mantém em suas margens depósito de entulhos.