Quase 40% da água tratada se perde antes de chegar ao consumidor no Brasil
Em 2011, 38,8% da água se perderam no caminho entre a saída da estação de tratamento e a entrada nas casas brasileiras. Os números do ano passado estão em fase final de análise e devem ser divulgados em abril. A expectativa é de que o desperdício caia para 37%, um índice ainda elevado.
Anualmente, as operadoras do serviço enviam seus dados ao Sistema Nacional de Informação de Saneamento (SNIS), que compila as informações. A declaração dos números por parte das empresas não é compulsória. “É obrigatório da seguinte maneira: quem não envia dados não tem acesso a verbas federais”, explicou Osvaldo Garcia, secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.
“Muitos valores são omitidos. Eles não sabem o quanto perdem de água, porque cerca de 90% das companhias não têm medidores na entrada e saída da estação, então estimam o volume produzido. E muitos mentem para conseguir financiamentos”, disse o presidente do Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Sindcon), Giuliano Dragone.
Para Wilson de Figueiredo Jardim, coordenador do Laboratório de Química Ambiental da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), as perdas ocorrem devido a vazamentos na rede e transbordamento de reservatórios, ocasionados por falta de manutenção e de investimentos nos sistemas, além da má gestão.
De acordo com Jardim, para mudar esse cenário os governos deveriam fixar metas realistas de redução e buscar o comprometimento das prestadoras de serviço com esse objetivo, além de reforçar a fiscalização. No modelo atual, não existe um órgão federal para fiscalizar as perdas – o serviço é feito por agências reguladoras estaduais e municipais.
Com informações do EcoDebate