Organizações questionam Siemens sobre irregularidades ambientais de Belo Monte
A Siemens, responsável pelo fornecimento das turbinas da usina hidrelétrica de Belo Monte, que está sendo construída em Vitória do Xingu, sudoeste do Pará, foi alvo de protesto no último dia 28, durante uma assembleia de acionistas em Munique, na Alemanha. Com faixas e banners contra a participação da empresa em Belo Monte e na hidrelétrica hondurenha de Agua Zarca, militantes de organizações alemãs, americanas, francesas e brasileiras denunciaram as irregularidades sociais e ambientais e a repressão militar nos dois projetos.
Membros da coalizão Acionistas Conscientes questionaram diretamente o CEO da empresa, Joe Kaeser, sobre os impactos em Belo Monte durante a reunião. As principais denúncias foram apresentadas pela militante do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Monica Brito. “A fala foi muito forte e a Monica apresentou várias fotos dos terrores de Belo Monte. Bem no meio da apresentação, no entanto, a Siemens retirou a imagem da Monica e das fotos do telão. Foi um ato grosseiro de censura. Mas ao final uma senhora nos passou todos os seus votos – referentes a 78,4 mil euros – para que votássemos por ela contra a participação da Siemens na usina”, explicou o membro da organização alemã Gegenströmung, Christian Russau.
O acionista Christian Poirier, diretor da ONG Amazon Watch, questionou os critérios ambientais e sociais da Siemens e sobre os riscos jurídicos e legais que Belo Monte representa aos acionistas diante das dezenas de ações na Justiça contra a usina. “O CEO da Siemens me respondeu que a empresa está completamente compromissada com os direitos humanos, mas que estaria disposto a discutir a questão conosco. Vamos apresentar um dossiê sobre as violações e ver o que ele tem a dizer depois disso”, afirmou Poirier.
“Sabemos que não se extingue um contrato bilionário com denúncias em um dia. Mas para nós é importante que os acionistas saibam dos problemas em que a empresa está envolvida, que isso se torne público na Europa, que a imprensa europeia acompanhe e que se desmascare os falsos compromissos sociais e ambientais que estas empresas dizem que adotam. O que é certo é que a Siemens passou vergonha”, comentou Antonia Melo, coordenadora do Xingu Vivo.