Retrospectiva 2013: manifestações, palestras e educação ambiental

Mais um ano de batalhas verdes se encerra. Este ano foi marcado pelas comemorações dos 35 anos de luta da Amda em defesa do meio ambiente e pelas incansáveis reivindicações contrárias ao retrocesso ambiental da nova Lei Florestal Mineira. A organização lançou um livro com uma coletânea das melhores charges publicadas no jornal Ambiente Hoje, levou a bandeira ambiental para as ruas e se juntou a milhares de pessoas durante as manifestações, promoveu palestras e debates e tentou agregar ainda mais militantes em prol da natureza.

Em maio, a Amda lançou o livro Água Mole em Pedra Dura, uma seleção das melhores charges publicadas durante 20 anos do jornal Ambiente Hoje, produzido pela organização. O evento foi precedido pela Mesa Redonda: História da Política Ambiental em Minas Gerais, que contou com a participação de Maria Dalce Ricas, superintendente executiva da Amda; José Cláudio Junqueira, ex-presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) e professor universitário; José Carlos Carvalho, ex-ministro de Meio Ambiente e ex-secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e José Carlos Aragão, jornalista, escritor e cartunista. “Celebramos este livro como uma forma diferente de contar história através das charges que, embora representem assuntos tristes, nos fazem rir”, comentou Dalce.

Para celebrar o Dia Mundial da Água, comemorado anualmente em 22 de abril, a Amda promoveu uma palestra sobre a Evolução da Qualidade da Água em Minas Gerais, com José Cláudio Junqueira, Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos e professor na Universidade Fumec e na Faculdade Dom Helder Câmara. Junqueira mostrou dados da qualidade da água no estado e os problemas de disponibilidade do recurso natural, que enfrenta maiores dificuldades com o passar dos anos em função de interferências no ciclo hidrológico.

A Amda promoveu, em junho, o Seminário Nacional de Mineração e Meio Ambiente. A iniciativa foi realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e contou com a participação massiva de representantes de mineradoras, ambientalistas e sociedade civil. Cerca de 300 pessoas compareceram ao evento. O debate girou em torno da questão: pode a atividade ser compatível com o meio ambiente?

Em julho, a equipe da Amda foi para as ruas de Belo Horizonte e se uniu a milhares de pessoas. Em meio àquele mar de reivindicações, a organização levantou a bandeira ambiental com foco em três temas: Minas Gerais campeã de desmatamento desde 2009, Lei Florestal Mineira e contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37. Os militantes estavam devidamente preparados, munidos de faixas gigantes, cartazes, apitos, perucas e balões verdes e muita animação. A primeira bandeira que a Amda ergueu dizia respeito ao desmatamento e continha a seguinte frase: Minas Gerais, campeã em desmatamento desde 2009! Que vergonha deputados e governador!. Em 2013, pela quarta vez consecutiva, o estado liderou o ranking de desmatamento da Mata Atlântica.

Para discutir a Lei do Uso de Sacolas Plásticas na capital mineira, a Amda, em parceria com a Associação Mineira de Supermercados (Amis) e a Revista Ecológico, com apoio do Senac, promoveu seminário a respeito. Dentre os palestrantes estavam Carla Vasconcellos, secretária Municipal de Meio Ambiente da capital; Alexandre Magrineli dos Reis, advogado especialista em Direito Ambiental; Arnaldo Godoy, vereador autor da lei; Samyra Crespo, representante do Ministério de Meio Ambiente; Carlos Eduardo Ferreira Pinto, Promotor de Justiça e Coordenador Geral do Ministério Público do Meio Ambiente; e Paulo Dacolina, diretor do Instituto Nacional do Plástico (INP). Foi consenso entre os palestrantes, a não ser pelo representante do INP, a preferência por viver em um mundo sem sacolas plásticas e que, ao invés da cultura do descarte, seja adotada a do reuso.

Pelo terceiro ano consecutivo, a Amda promoveu a Terça Ambiental. O projeto consiste em uma palestra realizada sempre na última terça-feira de cada mês trazendo questões ambientais que estão em voga como, por exemplo, as modificações da Lei Florestal Mineira e a poluição da Lagoa da Pampulha, principal espelho d’água de Belo Horizonte. Nesta última, que teve como convidado Weber Coutinho, gerente de Planejamento e Monitoramento Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da capital, foi registrado um público de 140 pessoas.

No primeiro semestre, foi realizada a soltura de mais de 30 pássaros que foram acolhidos pelo Projeto Asas (Área de Soltura de Aves Silvestres) da Amda. A iniciativa é resultado de convênio para soltura de aves apreendidas pela Polícia Militar de Meio Ambiente (PMMA) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em ações de combate ao tráfico e aprisionamento de animais silvestres. O Asas é fruto de parceria com proprietários de uma fazenda em Brumadinho, Região Metropolitana de BH, onde o projeto foi implantado em junho de 2012. A propriedade onde é realizada a soltura tem cerca de 300 hectares e possui áreas de Mata Atlântica, Cerrado e Campos.

Entre os projetos da Amda, neste ano também teve destaque o Projeto Oásis Serra da Moeda Brumadinho, iniciativa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) que premia proprietários que conservam áreas naturais em suas propriedades e que adotam boas práticas de uso e conservação do solo. A iniciativa, que começou a ser implantada em 2012, é fruto de parceria entre Amda, Ministério Público de Minas Gerais e Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Atualmente, 126 propriedades rurais estão cadastradas no programa, protegendo cerca de 400 hectares de mata nativa. As propriedades estão localizas em áreas de transição entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado.

A Amda também se preocupa com as futuras gerações e investe na educação ambiental, por meio do projeto Caravana Ambiental. A iniciativa consiste na apresentação de uma peça teatral que aborda o tráfico de animais silvestres, caça, maus tratos e devidos cuidados com a fauna e meio ambiente em geral. Além disso, os estudantes recebem a cartilha lúdica É o Bicho, ferramenta desenvolvida pela Amda para ser trabalhada com os professores que aborda os mesmos temas da peça por meio de exercícios e brincadeiras que despertam a curiosidade, criatividade e participação. O projeto é realizado pela Amda em parceria com as empresas Vale, Anglo American e AVG. O trabalho itinerante já visitou 222 escolas de diversos municípios de Minas Gerais, abordando mais de 33.108 mil alunos.

No início de outubro, representantes da Frente Mineira pela Proteção da Biodiversidade, composta por 17 organizações, entre elas a Amda, entregaram uma motosserra gigante à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) como prêmio pela aprovação da nova Lei Florestal Mineira. A motosserra desfilou pelas ruas de Belo Horizonte em um trio elétrico, que seguiu para a ALMG. Lá, os manifestantes procuraram alguns dos deputados que votaram a favor do Projeto de Lei 276/11, que modifica a Lei Florestal Mineira, de nº 14.309/02, e enfrentaram a fúria dos ruralistas, como Jayro Lessa (DEM), que agrediu verbalmente os ambientalistas. “Foi uma cena cômica e trágica ao mesmo tempo. Trágica pela sua postura, já que ele deveria proteger o interesse público e respeitar a sociedade e não foi isso que ele fez. Lessa aprovou um projeto que fere os interesses da sociedade e nos recebeu de maneira cômica, deixando claro seu descontrole com a situação”, relatou a superintendente da Amda.

Neste ano, somamos batalhas e algumas derrotas, multiplicamos conhecimento e agregamos defesores do meio ambiente. As lutas perdidas nos desanimam, mas não nos fazem perder a vontade de continuar lutando. A Amda deseja que em 2014 hajam mais vitórias verdes e que, a cada dia, mais pessoas descubram a importância de proteger a natureza para esta e as futuras gerações.

Estaremos em recesso a partir de segunda (23) e retornaremos as atividades no dia 06 de janeiro. Um feliz ecoano para você e até lá!