Primeiro Livro Vermelho da Flora do Brasil será lançado hoje

Alerta vermelho para a flora: 4.617 espécies brasileiras estão incluídas no primeiro Livro Vermelho da Flora do Brasil. A publicação, elaborada por pesquisadores ligados ao Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), entidade vinculada à Diretoria de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, será lançada nesta terça-feira (03). Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a meta é concluir a avaliação de risco de extinção de todas as espécies conhecidas de plantas do país até 2020.
O livro, organizado por Gustavo Matinelli e Miguel Ávila Moraes, revela que a maioria das espécies ameaçadas encontra-se nas regiões Sudeste e Sul do país. Do total de espécies avaliadas, 2.118 (45,9%) foram classificadas como ameaçadas e enquadradas nas categorias Vulnerável (VU), Em Perigo (EN) e Criticamente em Perigo (CR). As demais entraram nas categorias Menos Preocupante (LC), Deficiente de Dados (DD) e Quase Ameaçada (NT).
No que diz respeito às espécies, o grupo das samambaias, avencas e xaxins (Pteridófitas), por exemplo, é classificado como o mais ameaçado, enquanto o de musgos, entre outros (Briófitas) é, proporcionalmente, o menos ameaçado. O estudo apontou também que a família das bromélias (Bromeliaceae) apresenta o maior número de espécies consideradas criticamente em perigo, seguida das famílias das orquídeas (Orchidaceae) e das que fazem parte, por exemplo, girassóis e margaridas (Asteraceae).
Entre os estados, Minas Gerais tem a maior quantidade de espécies nas três categorias de risco de extinção (VU, EN e CR). Na sequência, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia encabeçam a lista. Mata Atlântica e Cerrado são os dois biomas em que se verificou o maior número de espécies ameaçadas, seguidos da Caatinga e dos Pampas. O Brasil concentra entre 11% e 14% da diversidade de plantas do mundo, com quase 44 mil espécies catalogadas e milhares ainda desconhecidas pela ciência.
De acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente, o sistema do CNCFlora contabilizou 5.642 ameaças incidentes sobre a flora brasileira. Dentre elas, 3.400 (60,2%) afetam espécies consideradas em risco de extinção. A perda de habitat e a degradação são responsáveis por 87,35% (2.970) dessas ameaças. A agricultura é a causa primária de perda de habitat e degradação (36,1%). Infraestrutura e planos de desenvolvimento (23,5%), bem como o uso de recursos naturais (22,3%), também contribuem de forma significativa com esse processo. O fogo causado por pessoas (11%) é, igualmente, uma fonte de grande preocupação dos pesquisadores.