Onça-pintada está criticamente ameaçada de extinção na Mata Atlântica e Caatinga
Pela primeira vez, pesquisadores brasileiros avaliaram a situação das onças-pintadas em cada bioma do país. Eles constataram que o mamífero está criticamente em perigo na Mata Atlântica e na Caatinga, além de apontar uma redução de 10% na população desses felinos na Amazônia nos últimos 27 anos. Os dados fazem parte de um levantamento feito durante três anos por cinco especialistas de três instituições científicas do Brasil, entre elas o Centro Nacional de Pesquisas e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap), ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
Na Amazônia, onde essa espécie está amplamente distribuída, ocorrendo em 89% da região, o tamanho populacional efetivo caiu 10% nos últimos 27 anos em razão da fragmentação do habitat e desmatamento. Para Ronaldo Gonçalves Morato, coordenador do Cenap, esse percentual é alto e a degradação da floresta é o principal responsável. Com uma população total estimada de 55 mil animais, os cientistas creem que nos últimos 27 anos houve um declínio de 30% na população efetiva, ou seja, uma queda no número de onças-pintadas capazes de se reproduzir e deixar descendentes férteis.
Nos últimos 15 anos, houve perda de 80% da população efetiva no bioma Mata Atlântica. Sem a presença de corredores ecológicos – grandes faixas de preservação que permitem o deslocamento de espécies sem contato com humanos -, as onças ficam isoladas e “não ocorre a transferência de informação genética entre populações”, explica Morato, o que significaria uma interrupção no ciclo de reprodução desses animais.
Na Caatinga, outro bioma crítico para as onças, a eliminação de indivíduos por caça e retaliação por predação de animais domésticos e gado é uma grande ameaça, conforme o estudo, e causa uma redução drástica de animais na região. A pesquisa sugere a existência de 250 onças-pintadas com capacidade de reprodução nessa região.
Já no Cerrado, onde a situação da onça-pintada está na categoria “em perigo”, há estimativa de que existam 250 espécimes que conseguem se reproduzir e gerar descendentes. De acordo com o estudo, as onças existentes estão espalhadas pelo bioma e já está comprovado um declínio populacional em consequência de atividades humanas. No Pantanal, a classificação está no patamar “vulnerável” e a população de onças é estimada em mil indivíduos.
O estudo tem o objetivo de atualizar informações sobre as onças-pintadas para a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que elabora a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. A lista já contém 65.518 diferentes nomes de bichos e plantas que podem desaparecer nos próximos anos.