Nepal está construindo seu primeiro crematório elétrico
O Nepal está construindo seu primeiro crematório elétrico, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental das incinerações de corpos. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) demonstrou preocupação pela ausência de um estudo detalhado sobre o impacto do novo crematório, sobretudo por causa da chaminé de 30 metros que deverá ser instalada. O crematório elétrico será construído no templo hindu Pashupatinath, em Katmandu, que é dedicado ao deus Shiva, além de ser o centro religioso nepalês com a maior concentração de fiéis, declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Os responsáveis pelo templo disseram estar conscientes das dúvidas colocadas pela Unesco em relação ao projeto, mas um funcionário da área de desenvolvimento do centro, Akrur Singh Mahat, explicou que os resultados de pesquisas internas foram favoráveis.
Segundo o hinduísmo, religião de três quartos dos nepaleses, os mortos devem ser cremados e um dos lugares mais populares do país para a realização da cerimônia são as margens do rio Bagmati, onde fica o templo Pashupatinath. “Um crematório elétrico reduzirá os níveis de poluição ao diminuir consideravelmente o tempo necessário para queimar os corpos e ajudará também a frear os avanços do desmatamento”, disse o administrador da área de desenvolvimento do templo, Govinda Tandon.
Axel Plathe, representante da Unesco no Nepal, pontuou que o órgão da ONU poderá remeter suas queixas sobre a construção do crematório ao Conselho Internacional de Monumentos e Lugares, responsável pela preservação do patrimônio mundial. Outro motivo de preocupação é a maneira como os fiéis irão receber o novo crematório, já que o uso das piras não será proibido.
Segundo reportagem do portal Terra, o serviço será mais barato. A queima de um corpo que custa cerca de 10 mil rúpias (R$ 217), sem contar as despesas extras com a decoração da cerimônia, poderá ser feita por apenas 3.500 rúpias (R$ 75), o que é uma diferença considerável, já que no Nepal a renda per capita é equivalente a R$ 1.648.
Uma média de 25 corpos é queimada diariamente nas piras funerárias no Nepal, enquanto com o novo crematório poderiam ser incinerados seis cadáveres de uma só vez, segundo as autoridades do templo. Um dos problemas que a nova tecnologia pode enfrentar são os frequentes cortes de luz, que chegam a durar 16 horas por dia, apesar de as autoridades garantirem o abastecimento energético.