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Pesquisador do IPCC diz que mesmo sem emitir CO2, planeta demoraria pelo menos mais duas décadas para frear aumento das temperaturas

Mesmo se o mundo inteiro parasse de emitir os gases de efeito estufa – grande causador das mudanças do clima -, o planeta demoraria pelo menos mais duas décadas para frear o aumento das temperaturas. A afirmação é de José Marengo, um dos pesquisadores brasileiros que trabalhou na formulação do Quinto Relatório de Avaliação, o AR5, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU).

“Mesmo que a gente feche todas as indústrias hoje, nós vamos ter ainda décadas de aquecimento em uma inércia. O IPCC fala em aproximadamente 20 anos, pois foram centenas de anos de CO2 acumulados na atmosfera. Mesmo que não libere mais, há um monte de CO2 que tem que ser consumido”, explicou o climatologista. As florestas são os grandes instrumentos para absorver o dióxido de carbono, por meio da fotossíntese, mas ele admite que “o efeito não é imediato e demora décadas” para surtir efeito.

O especialista ponderou, no entanto, que o documento do IPCC não é um relatório “catastrófico” e apontou para a necessidade de o homem adaptar-se às mudanças climáticas que estão por vir no decorrer deste século. “A adaptação é uma solução para enfrentar o problema, mas não é o fim. Não interpretem que o mundo vai acabar. A mensagem é que algo deve ser feito em relação a esses cenários pessimistas como mitigação e redução das emissões”, disse.

“A influência humana no sistema climático é clara. As atividades humanas são responsáveis pelo aquecimento nos últimos anos, não são os únicos causadores, mas são os responsáveis. O aquecimento acontece de qualquer forma, com ou sem a presença do ser humano, mas ele piora o problema que já existe”, salientou Marengo.