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Um sexto da humanidade consome 78% de tudo que é produzido no mundo

O Instituto Akatu – organização paulista que promove ações pelo consumo consciente – e o Worldwatch Institute (WWI) – organização sediada em Washington que estuda soluções para uma sociedade ambientalmente sustentável – lançaram, no dia 30 de junho, versão em português do relatório "Estado do Mundo – 2010". O documento é uma das mais importantes publicações periódicas mundiais sobre sustentabilidade.

Produzido pelo WWI, o "Estado do Mundo" faz um balanço anual através de números e reflexões sobre questões ambientais. Em parceria com a entidade americana, a Akatu fez a tradução da edição 2010 para o português.

Um dos dados que mais chama atenção no relatório é a constatação de que apenas um sexto da humanidade consome 78% de tudo que é produzido no mundo. Ainda segundo o relatório, na última década, a humanidade aumentou seu consumo de bens e serviços em 28%. Somente em 2008, foram vendidos no mundo 68 milhões de veículos, 85 milhões de refrigeradores, 297 milhões de computadores e 1,2 bilhão de telefones celulares.

Logicamente, para produzir tantos bens, é preciso usar cada vez mais recursos naturais. Entre 1950 e 2005, a produção de metais cresceu seis vezes, o consumo de petróleo, oito vezes e o de gás natural, 14 vezes. Atualmente, um europeu consome em média 43 quilos em recursos naturais diariamente, enquanto um americano consome 88 quilos – mais do que o peso médio da maior parte da população.

Além de excessivo, o consumo é desigual. Em 2006, os 65 países com maior renda, que somam 16% da população mundial, foram responsáveis por 78% dos gastos em bens e serviços. Somente os americanos, ou 5% da população mundial, foram responsáveis por 32% do consumo global. O relatório conclui que, se todos vivessem como os americanos, o planeta só comportaria uma população de 1,4 bilhão de pessoas. Atualmente já somos quase sete bilhões, e projetam-se nove bilhões para 2050.

De acordo com o relatório, nem mesmo um padrão de consumo médio, equivalente ao de países como Tailândia ou Jordânia, seria suficiente para atender igualmente todos os habitantes do planeta. A conclusão é que sem uma mudança cultural que valorize a sustentabilidade e não o consumismo, não haverá esforços governamentais ou avanços tecnológicos capazes de salvar a humanidade dos riscos ambientais e de mudanças climáticas.

O lançamento do relatório, realizado no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura, em São Paulo, contou com um debate sobre o tema foco do relatório de 2010: "Transformando Culturas – do Consumismo à Sustentabilidade".

Mais informações sobre o evento de lançamento e o relatório "Estado do Mundo – 2010" estão disponíveis no site do Instituto Akatu.