Estudo aponta menor investimento em limpeza urbana em BH
Cerca de 5,3 mil toneladas de resíduos sólidos são produzidos em Belo Horizonte diariamente. Ao sair dos portões das casas, o montante passa a ser responsabilidade do serviço de limpeza urbana do município, que gasta, por ano, R$ 68 por habitante com o setor. São 349 quilos anuais produzidos por pessoa, muito lixo para pouco dinheiro. Os dados foram levantados pela pesquisa "Gestão da limpeza urbana – Investimento para o futuro das cidades", realizada pela organização mundial PriceWaterhouseCoopers (PWC), encomendada pela Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Urbana (ABLP) e pelo Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo (Selur).
O estudo inédito aponta que BH tem o menor gasto per capita no setor entre 14 cidades pesquisadas no Brasil e em outros países. Em meio às comemorações da Semana Mundial do Meio Ambiente, o estudo da PWC mostra como seis capitais brasileiras – Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador e Goiânia – e oito internacionais – Londres, Roma, Tóquio, Cidade do México, Nova Iorque, Paris, Buenos Aires e Barcelona – lidam com o lixo produzido por seus moradores.
Os R$ 68 gastos por habitante no ano colocaram BH bem abaixo da média nacional de R$ 88. Em relação à média mundial, de R$ 480 por habitante, a situação é ainda mais preocupante.
A diretora-executiva do Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), Denise Bruschi, argumenta que não há um valor ideal para se gastar com limpeza urbana, mas admite que os números preocupam. "Se verificamos um investimento abaixo das outras cidades, significa que, provavelmente, estamos investindo pouco. Um município que tem a coleta seletiva, por exemplo, tem gastos extras. O Brasil está muito abaixo da média do mundo. A nossa cultura não é de tratar nossos resíduos, mas de tirá-los da nossa frente", diz.
O diretor de planejamento e gestão da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), Lucas Paulo Gariglio, atribui o baixo gasto com limpeza urbana por habitante no município a uma soma de fatores. "O custo do nosso aterro sanitário é um dos menores do Brasil. Pagamos R$ 33,54 por tonelada de resíduos. Temos dados que mostram que em outras cidades o preço é entre R$ 50 e R$ 60. Além disso, todo o planejamento da limpeza urbana é rigoroso e feito pela própria SLU. Acreditamos que isso pode resultar numa redução dos custos."
Entretanto, dados sobre a coleta seletiva em BH evidenciam a necessidade de investimento no setor. O Centro de Tratamento de Resíduos Macaúbas, em Sabará, na Região Metropolitana de BH, destino de todo o lixo da capital, recebe por mês 98,8 mil toneladas de lixo. Desse montante, somente 0,5% é encaminhado à reciclagem.
A coleta seletiva acaba ficando restrita a poucas iniciativas isoladas. O demógrafo e sociólogo Ricardo Ojima, pesquisador em meio ambiente da Fundação João Pinheiro (FJP), concorda que, se houvesse maior colaboração dos moradores, o poder público teria gastos menores, mas lembra que o governo também tem que oferecer condições adequadas para que a população possa contribuir. "É preciso gastar um pouquinho para que iniciativas da sociedade possam se concretizar", afirma.
* Com informações do Estado de Minas