Estudo comprova presença de veneno na água da Chapada do Apodi
A luta do ambientalista José Maria Filho contra o uso de agrotóxicos na Chapada do Apodi-RN foi o foco da audiência pública da Comissão de Agricultura, Urbanismo e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Limoeiro do Norte, realizada no dia 13 de maio, no auditório da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Ceará. Participaram da reunião representantes de movimentos sociais, sindicalistas, ambientalistas, estudantes, trabalhadoras rurais e moradores da região.
A médica e professora Raquel Rigotto apresentou resultados de pesquisa realizada na água da região. Durante três anos, Raquel e sua equipe de 24 pesquisadores coletaram 46 amostras de água da Chapada do Apodi. Em todas elas foi constatada a presença de substâncias tóxicas. Nas amostras coletadas recentemente na água consumida por moradores dos municípios de Tomé, Santa Maria e Cabeça Preta foram detectadas cinco substâncias de alta toxicidade.
A apresentação da pesquisadora foi muito aplaudida pelo público, que lotou o auditório durante as exposições. Houve manifestações também dirigidas aos responsáveis pelo uso de substâncias tóxicas no cultivo de frutas. Entre vaias e coros entoados pedindo solução para o problema, o público homenageou ainda aqueles que lutaram contra o uso indevido dos defensivos agrícolas.
O ambientalista e líder comunitário do Sítio Tomé, José Maria Filho, que defendia a suspensão do uso de agrotóxicos na região, foi lembrado durante toda a reunião. Ele foi assassinado a tiros no dia 21 de abril desse ano, próximo ao aeroporto de onde decolam as aeronaves para fazer pulverização aérea nos bananais.
Doenças
A professora Raquel Rigotto afirmou que a Chapada do Apodi carrega “um grave problema de saúde pública”, citando as várias doenças que surgem devido à dinâmica dos agrotóxicos na região. Entre eles, estão dermatite alérgica, câncer, problemas neurológicos, doenças do fígado e dos rins, comprometimento do sistema neurológico e até má formação de fetos.
Em novembro do ano passado a Câmara Municipal de Limoeiro do Norte proibiu as pulverizações aéreas. Ainda assim, a falta de regulamentação da Lei permite que o processo continue sendo realizado.