Nova sede do governo põe patrimônio ambiental em risco
Em junho de 2009, durante solenidade no Palácio da Liberdade, em comemoração ao Dia do Meio Ambiente, o governador Aécio Neves garantiu que o governo cumpriria compromissos ambientais assumidos na licença prévia do Centro Administrativo. Ele foi cobrado pela Superintendente executiva da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda), Maria Dalce Ricas, que denunciou a morosidade das ações necessárias à implantação do Sistema de Áreas Protegidas – SAP Vetor Norte. O prazo final para sua implantação termina em outubro deste ano.
Na última quarta-feira, quando o governador inaugurou a Cidade Administrativa, em carta aberta ao mesmo, Dalce ressaltou que ações fundamentais à criação e instalação do SAP, como levantamento da situação de Reservas Legais que funcionarão como conectividade entre as áreas a serem protegidas, ainda não foi feito. Os estudos de caracterização dessas áreas não foram concluídos. As medidas necessárias à criação das Unidades de Conservação não foram realizadas. O compromisso de fortalecer o policiamento ambiental na região também não. E os recursos prometidos, nunca apareceram.
Sem questionar ou criticar a construção da Cidade Administrativa, a carta alerta o governador quanto às conseqüências ambientais resultantes da construção da mesma e de outras obras de infra-estrutura como Anel Viário. "Essas obras foram planejadas e anunciadas, sem que o poder público considerasse os impactos que causariam ao patrimônio natural e científico da região Carste de Lagoa Santa. Quando protestamos, o governo assumiu compromissos, mas enquanto a construção da Cidade Administrativa andou no tempo esperado, não faltou dinheiro, o processo de criação e implantação da SAP, principal compromisso assumido, mal começou", diz Dalce.
A tendência é que a região, afirma a Amda, seja "degradada num curto espaço de tempo, pois tornou-se a "bola da vez" da especulação imobiliária e ponto de atração para deslocamento de populações, com todas as conseqüências implícitas".
A carta é encerrada com um alerta ao governador. "A destruição do patrimônio cárstico de Lagoa Santa, dos animais silvestres que nele vivem, de suas cavidades subterrâneas maravilhosas e cheias de segredos da história, de seu fantástico sistema hídrico, das pinturas rupestres que marcaram a presença dos primeiros seres humanos, será muito mais que mancha indelével de seu governo. Será a perda de algo muito valioso para a humanidade ".