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Discussões sobre indicadores de sustentabilidade dos setores pecuário, agrícola e bancário fecham Seminário
Levantar dados e empregar indicadores de sustentabilidade para o setor agrícola e pecuaristas ainda é uma realidade muito distante, segundo os palestrantes que encerraram o III Seminário sobre Indicadores de Sustentabilidade.
De acordo com zootecnista e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Júlio César Palhares, é muito difícil levantar dados primários do processo produtivo devido à grande quantidade de produtores rurais. “Não tem como chegar aos indicadores se não tem como mensurar os dados primários. Uma coisa é avaliar o produto. Outra coisa é mensurar os dejetos, todos os tipos de emissões de gases, alimentos e fertilizantes”, explicou Palhares.
O zootecnista lembrou que 81% da população brasileira mora em zona urbana e faz pressão muito grande sobre quem vive no meio rural. De acordo com Palhares, quem mora nas cidades não conhece a realidade dos pequenos e médios produtores rurais que, segundo ele, apenas 20% têm pelo menos o ensino fundamental completo. “Os produtores precisam de informações, auxílio de empresas de extensão rural, políticas públicas de desenvolvimento e os indicadores têm que ser compartilhados de maneira geral. E também têm que ser discutido os custos desses indicadores. O produtor sozinho é que não vai pagar. Vai ter que ser repassado para o consumidor final”, disse.
Essas queixas foram ratificadas pelo engenheiro agrônomo, também da Embrapa, Luciano Gleber. Para ele, apesar de a agricultura ser uma atividade muito antiga, muito pouco se mudou no processo produtivo e muitos produtores não têm o menor controle dos impactos ambientais que promovem. “Não há como falar de sustentabilidade sem gerenciamento do meio e das informações. A gestão ambiental só pode ser efetiva quando feita sobre todo o sistema. Também, os indicadores precisam ser específicos para não virar apenas relatório”, disse.
Apesar de adotar indicadores de sustentabilidade, o setor bancário ainda está aquém da efetividade deles. Para a analista de sustentabilidade da ONG Amigos da Terra, Paula Peirão, as instituições bancárias precisam divulgar mais as suas ações em torno dos indicadores de sustentabilidade. Segundo ela, dentre os indicadores diretos de sustentabilidade que os bancos usam estão o descarte de equipamentos eletrônicos e papéis, além de ações de responsabilidade social. Mas a analista defende que deveriam mensurar também ações indiretas dos seus clientes. “Os impactos significativos à biodiversidade provocados pelos seus clientes quando pegam financiamento para alguma atividade precisam ser mensurados. De que adianta criar produtos sustentáveis se o cliente não é?”, questionou.
Paula Peirão destacou que é necessário que os bancos monitorem o que os clientes estão fazendo com o dinheiro e também dê treinamento central e contínuo aos funcionários para que eles consigam implantar políticas socioambientais dentro da instituição.
No encerramento do evento, o diretor de Gestão Participativa da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Fernando Leite, pediu que as discussões sobre os indicadores de sustentabilidade não fiquem restritas às apresentações feitas durante os três dias do seminário e que os debates sobre o tema sejam constantes.
Fonte: Repórter Luiz Raphael, para o Ambiente Hoje Online