Pântano do Sul (SC) é a praia mais poluída por plástico do Brasil
Em todo o país, apenas 10 praias estão livres de microplásticos. Descubra quais são elas.

Procurado por turistas do mundo inteiro por seus destinos paradisíacos, o litoral brasileiro está tomado pelo plástico. A praia de Pântano do Sul, em Florianópolis (SC), é a mais contaminada, com 144 partículas de microplástico por metro quadrado. A Praia do Rizzo, também na capital catarinense, aparece como a terceira mais poluída por microplásticos, atrás apenas da Praia do Centro, em Mongaguá (SP).
Os dados são da Expedição Ondas Limpas, a maior pesquisa sobre o perfil dos resíduos marinhos no país. A iniciativa é da Sea Shepherd Brasil, em parceria com o Instituto Oceanográfico da USP. Ao todo, a expedição percorreu 201 municípios, do norte ao sul do país, e visitou 306 praias.
Ao longo de 7 mil quilômetros de costa, a equipe encontrou 88 mil resíduos plásticos, entre macro e microfragmentos. Os resultados mostram que 100% das praias brasileiras contêm lixo plástico. As informações estão disponíveis em uma plataforma interativa digital, onde o público pode explorar os locais mais e menos poluídos.
Principais descobertas:
- 91% dos resíduos nas praias brasileiras são plásticos.
- 61% são itens descartáveis, como tampas de garrafa.
- 22% têm longa duração.
- 17% são utensílios de pesca, como linhas de nylon.

Em todas as 306 praias analisadas, foram encontrados macrorresíduos, que são itens mais visíveis, como embalagens e garrafas, enquanto 97% apresentavam microplásticos. De espessura ultrafina, inferior a cinco milímetros, os microplásticos infiltram-se facilmente na cadeia alimentar, prejudicando a fauna marinha, bem como a saúde humana.
Embora frequentemente apontados como grandes vilões entre os descartáveis, os canudos representam apenas 2,15% dos resíduos nas praias. Filtros de cigarro, por exemplo, são muito mais comuns, correspondendo a um em cada quatro itens presentes nas faixas de areia. Além de levar décadas para se decompor, o cigarro contamina o ambiente, já que uma única bituca pode poluir até mil litros de água.
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De acordo com a ONU, a poluição plástica é um dos maiores desafios ambientais globais. A produção nociva do material acontece há mais de 50 anos e não dá sinais de desaceleração. Até 2019, a humanidade já havia produzido 368 milhões de toneladas métricas de plástico, volume que deve dobrar até 2040.
Ranking das praias mais poluídas por plástico
O plástico corresponde a 91% dos resíduos nas praias brasileiras, mas esse número sobe para 95% na região Sul. O Sudeste também se destaca negativamente, liderando, ao lado do Sul, o índice de resíduos plásticos maiores e microplásticos.
A Baixada Santista, em São Paulo, liderou o ranking nacional em concentração de macrorresíduos, macroplásticos e microplásticos. Apenas em São Vicente (SP), a taxa foi de 10 resíduos por metro quadrado, enquanto Mongaguá (SP) atingiu 83 microplásticos por m². No Rio Grande do Norte, na região Nordeste, a expedição identificou três das cinco cidades mais impactadas por macrorresíduos.
5 praias com maior densidade de macrorresíduo por metro quadrado:
| Praia | Cidade/Estado | Quantidade por m² |
| Pântano do Sul | Florianópolis (SC) | 17 |
| Praia das Vacas | São Vicente (SP) | 13 |
| Itaquitanduva | São Vicente (SP) | 9,5 |
| Praia Costa Azul | Jandaíra (BA) | 7 |
| Praia de Santa Rita | Extremo (RN) | 6 |
5 praias com maior densidade de microplástico por metro quadrado:
| Praia | Cidade/Estado | Quantidade por m² |
| Pântano do Sul | Florianópolis (SC) | 144 |
| Praia do Centro | Mongaguá (SP) | 83 |
| Praia do Rizzo | Florianópolis (SC) | 78 |
| Praia do Botafogo | Rio de Janeiro (RJ) | 55 |
| Mariluz | Imbé (RS) | 51 |
Apenas 10 das 306 praias não apresentam microplásticos. São elas: Farol de São Tomé (RJ), Ilha de Maracá (AP), Ilha do Atim (MA), Praia da Ponta das Gaivotas (BA), Praia das Pedrinhas (RJ), Praia de Atalaia (BA), Praia de Cações (BA), Praia do Amor (MA), Praia do Coqueiral (ES) e Praia do Martins (ES).
Áreas de proteção ambiental afetadas pelo plástico
O estudo também revelou que áreas de proteção integral apresentam densidade de plásticos descartáveis duas vezes maior do que regiões não protegidas. Nesses locais há 150% mais apetrechos de pesca e três vezes mais macrorresíduos. Por outro lado, a presença de microplásticos foi menor, sugerindo menor influência de fontes locais de degradação. O levantamento aponta a necessidade de medidas mais rigorosas para conter a poluição plástica.
O que fazer?
Como forma de mitigar os impactos, a organização sugere a aprovação de legislações como o Projeto de Lei 2524/2022, sobre a gestão de plásticos, e o Projeto de Lei 1874/2022, voltado à economia circular. Além disso, a ONG recomenda a implementação de sistemas de reciclagem em municípios menores e a promoção de campanhas educacionais para conscientizar sobre o descarte correto de resíduos.
“Pretendemos que os resultados do projeto não somente choquem, mas provoquem a ação, trazendo à tona a necessidade de políticas públicas e de uma mudança na cultura de consumo de plástico no Brasil.”, afirma Nathalie Gil, presidente da Sea Shepherd Brasil.