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Plano de Manejo da Reserva Particular de Patrimônio Natural de Cuiabá, da AngloGold

Plano de Manejo da Reserva Particular de Patrimônio Natural de Cuiabá, da AngloGold

Localizada na porção leste da Região Metropolitana de Belo Horizonte, abrangendo os municípios de Sabará e Caeté, a Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Cuiabá foi criada pela AngloGold Ashanti em área de 726,34 hectares, localizada na aba da face sul da Serra da Piedade. Inserida em área maior de propriedade da empresa, abriga segmento da encosta e pequenos divisores de água daquela serra, envolvendo significativos remanescentes de vegetação nativa e importantes testemunhos da mineração de ouro do século XVIII.

A Reserva Particular de Patrimônio Natural é uma categoria de unidade de conservação em área privada, gravada em caráter de perpetuidade, com objetivo de conservar a diversidade biológica, podendo ainda ser utilizada para uso público voltado à recreação e educação ambiental.

A criação de uma RPPN é um ato voluntário do proprietário que decide transformar a totalidade ou parte de sua área em unidade de conservação, sem que isso ocasione a perda do direito de propriedade.

A RPPN de Cuiabá foi formalmente criada em 12 de dezembro de 2007, através da Portaria do Instituto Estadual de Florestas (IEF) nº 181, publicada no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais de 13 de dezembro de 2007. Compõe o complexo orográfico tombado da Serra da Piedade e cumpre importante papel na descontinuidade do tecido urbano na porção sudeste do espaço metropolitano.

Sua área protege importantes remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual Sub-montana, tipologia da Mata Atlântica, além de formações campestres de altitude e Cerrado. Em conjunto com a área do Monumento Natural da Serra da Piedade e remanescentes florestais da região abrangida pelas serras do Gandarela e Caraça, constitui um dos refúgios de flora e fauna mais expressivos do espaço metropolitano e também de Minas Gerais. A grande extensão de áreas naturais contínuas nesta região e a riqueza de ambientes explicam a expressiva fauna ali registrada: entre os mamíferos, foi relacionada ocorrência de 10 espécies ameaçadas, em perigo ou criticamente em perigo, nos níveis nacionais e/ou estadual (Portaria Ibama 1.522, de dezembro de 1989 e Deliberação Copam 041/1995). Destaque para as espécies: Tamandua tetradactyla (tamanduá-bandeira), Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-de-colete), Calicebus personatus (macaco-sauá), Chrysocyon brachyurus (lobo-guará), Panthera onça (onça-pintada), Puma concolor (onça-parda), Leopardus wiedii (gato-do-mato), Leopardus pardalis (jaguatirica), Lontra longicauda (lontra) e Pecari tajacu (cateto).

Entre as aves, foram listadas na região de inserção da RPPN 184 espécies, com destaque para algumas endêmicas da Serra do Espinhaço, dentre elas o Embernagra longicauda (rabo-mole-da-serra), Augastes scutatus (beija-flor-de-gravata-verde), Polystictus superciliares (papa-moscas-de-costas-cinzentas), Laniisoma elegans (chibante, da família cotingídea, no status de vulnerável para o Estado de Minas Gerais), Tolmomyias sulphurescens (bico-chato-de-orelha-preta) e Leptopogon amaurocephalus (cabeçudo).

A importância da RPPN está ligada também à existência de importantes registros históricos relacionados à atividade mineradora de ouro, desenvolvida a partir do século XVIII. Vestígios de grandes áreas de exploração mineral estão presentes na área, incluindo canais de condução de água, áreas de desmonte a céu aberto, mundéus e muros de pedra. Há ainda testemunhos de antiga ferrovia, construída pelos ingleses no início do século XX, que constituiu ramal da estrada de ferro Central do Brasil. Nesse trecho ferroviário, localizado no interior da área da AngloGold, junto à RPPN, há túneis em tijolos e pontes de pedras, edificações expressivas para a época em que foram erguidas.

Os trabalhos desenvolvidos pela Amda compreenderam a elaboração do Plano de Manejo da RPPN, envolvendo zoneamento da área e desenvolvimento de ações para proteção de seus ambientes naturais, manejo e uso público da unidade de conservação.

O projeto teve como diretriz fundamental a busca por instrumentos de proteção da biodiversidade da área e do patrimônio histórico-cultural de forma articulada com o desenvolvimento de meios para a sua sustentabilidade econômica, incluindo criação de oportunidades de lazer e socializando o acesso aos atrativos da natureza e ao acervo histórico.