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Opinião

Minas “livre para crescer”, sem política ambiental para incomodar

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*Maria Dalce Ricas

O projeto “liberdade econômica/Minas livre para crescer”, lançado pelo governo de Minas, de mãos dadas com Fiemg, Faemg, setor imobiliário e outros é sedutor à primeira vista. Porém, está marcado pela insustentabilidade.

Um de seus pilares é a revogação de normas que “atrapalham a economia”. Entre elas por exemplo, estão decretos que continham a ganância e irresponsabilidade desmedida do setor imobiliário, que se puder, loteia os jardins do Palácio da Liberdade e o Parque Municipal. Foram revogados a pedido do mesmo.

A “liberdade econômica” apregoada como a salvação do Estado não traz consigo a proteção do meio ambiente. Romeu Zema não tem propostas concretas nessa área. Segue a ideia de que o trabalho humano é que gera riqueza. Mas, sem os recursos que a natureza fornece o “trabalho humano” “já era”.

E lá se foi o Governador para a COP-26. Provavelmente arvorou contenção do desmatamento, licenciamento ambiental melhor do mundo, proteção da fauna e da água, e até política climática. Mas a realidade o desmente: licença para a Heineken no coração da área cárstica de Lagoa Santa; “zero” políticas climáticas que incentivem a “economia verde” e redução do consumo de plástico; concessão de licenças a “portas fechadas” com exclusão deliberada da participação da sociedade civil; avanço vertiginoso do desmatamento pelo agronegócio; delegação de poderes a prefeituras que não têm o mínimo compromisso com políticas ambientais; “zero” política de ampliação de áreas legalmente protegidas; avanço insignificante na regularização fundiária de unidades de conservação resumem a atuação de seu governo na área ambiental.

Os recursos da compensação ambiental continuam a ser sequestrados e desviados para outras áreas. A derrubada de Mata Atlântica em torno dos parques do Rio Doce e Serra Negra, corre solta, e Minas continua sendo campeão da destruição do bioma.

A COP 26 reuniu gestores públicos que, por medo ou respeito ao meio ambiente, estão preocupados com o futuro. Como nunca podemos perder a esperança, quem sabe o governador de Minas mistura-se a eles?

*Maria Dalce Ricas é superintendente executiva da Amda.