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Opinião

Um dos principais futuros econômicos da Floresta Amazônica é o crédito de carbono

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*Por Bruno Versiani dos Anjos

Existe a hipótese de que o mercado de crédito de carbono, em termos macroeconômicos e de longo prazo, talvez seja o único mecanismo financeiro viável para a Amazônia brasileira. As chamadas culturas sustentáveis são viáveis como empreendimentos locais em certas micro regiões, terras indígenas e Unidades de Conservação de uso sustentável. Contudo, em um contexto de amazônia brasileira como um todo, e do ponto de vista macro econômico, por serem mescladas, perdem para a monocultura, que é muito mais lucrativa.

Mesmo o manejo de árvores em florestas tropicais primárias é questionável, visto que árvores levam séculos para amadurecer, ao contrário das florestas temperadas e de alta latitude. Ainda que bem realizado e legalizado, o manejo florestas de madeiras tropicais é muito burocrático e oneroso, e perde, infelizmente, para a madeira tirada de forma predatória. O mercado madeireiro também têm perdido espaço para monoculturas , como a teca proveniente da Ásia, além, é claro, de madeiras “claras” e de rápido crescimento, como o eucalipto e o pinus.

Sempre lembramos que, em contexto global, as florestas tropicais primárias são cada vez mais raras (bem menos de 10% das terras emersas), e também lembramos a redução drástica da biodiversidade que está ocorrendo no planeta, e o imenso papel que a floresta amazônica tem na proteção da biodiversidade das terras tropicais emergentes.

Durante a última Conferência do Clima (COP 17), realizada em 2011 na África do Sul, as metas de Kyoto foram atualizadas e ampliadas para reduzir as emissões em 25% a 40% em 2020, em relação aos níveis de 1990 para os países desenvolvidos. O Brasil ocupa a terceira posição mundial entre os países que participam desse mercado, com cerca de 5% do total mundial e 268 projetos. A expectativa inicial era absorver 20%. O mecanismo incentivou a criação de novas tecnologias para reduzir as emissões de gases poluentes no Brasil.As nações que não podem (ou não desejam) reduzir suas emissões poderão comprar RCEs nos países em desenvolvimento e usá-las para cumprir suas obrigações.

O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, tentou, sem sucesso, no início desse ano, obter créditos por meio do mercado de carbono. Não obteve sucesso, e as críticas à política ambiental continuam acirradas, principalmente no exterior, onde há real risco de boicote da ordem de bilhões de dólares aos produtos brasileiros.

O imperativo é que os países que mais emitem, comprem créditos do governo brasileiro, das principais empresas brasileiras ou do agronegócio progressista que se encontra na Amazônia brasileira.

Bruno Versiani dos Anjos é mestre em Ecologia e analista ambiental do Ibama

Fonte: Eco Debate