Notícias

Mutum-do-nordeste reproduz naturalmente após 42 anos

Mutum-do-nordeste reproduz naturalmente após 42 anos
Mutum chocando os ovos no Zooparque Pedro Nardelli./ Crédito: Rosa Maria Souza

Considerado extinto na natureza desde 1979, o mutum-do-nordeste (Pauxi mitu) caminha para ter suas populações reestabelecidas. Neste mês, o casal de mutuns do Zooparque Pedro Nardelli, em Alagoas, onde é conduzido um programa de reintrodução da ave, botou dois ovos que, pela primeira vez, eles estão sendo chocados pela fêmea.

Em dezembro do ano passado, os cuidadores foram surpreendidos com a postura de dois ovos, um com malformação e outro em perfeito estado. Como o macho e a fêmea viviam separados, o ovo não fecundado. Agora, que o casal está junto, há grandes chances de a reprodução ser bem-sucedida.

“Era razoavelmente esperado por nós que iríamos ter um evento de reprodução em algum momento, só que isso aconteceu bem antes do que a gente imaginava, o que foi muito bom. A gente tem agora essa fêmea que está chocando dois ovos e isso é uma notícia incrível, maravilhosa, porque a gente pode ter pela primeira vez uma espécie que foi extinta no Estado de Alagoas, uma espécie que só existia aqui, e que vai se reproduzir aqui de novo”, destacou o professor da Universidade de São Paulo, Luís Fábio Silveira.

A equipe preparou um ninho artificial, feito de cipó e folhas secas, que está sendo usado pela fêmea. Antes desse episódio, todos mutuns nascidos em cativeiro haviam sido chocados por chocadeiras elétricas. A previsão é que a eclosão dos ovos aconteça já na segunda quinzena de fevereiro.

“A gente decidiu deixá-la fazer o processo de incubação, ou seja, se o ovo estiver fértil e nascer, ela vai cuidar dos filhotinhos também. Mas, por enquanto, ela está fazendo uma coisa muito importante, que é expressando o comportamento natural dela, então isso também é uma parte importante do aprendizado”, explicou Luís Fábio.

A espécie

A destruição dos ambientais naturais do mutum para dar lugar a plantios de cana-de-açúcar e a caça são as principais causas do desaparecimento da espécie. Hoje, a ave sobrevive graças ao trabalho da Crax – Sociedade de Pesquisa da Fauna Silvestre, entidade civil sem fins lucrativos, registrada no Ibama como criadouro científico.

O mutum-do-nordeste possui entre 83 e 90 centímetros de comprimento, pesa cerca de 3 quilos e apresenta plumagem negra com reflexos azulados. Originária da Mata Atlântica do Nordeste do país, a espécie é uma ave terrícola, que se alimenta de frutos. Desempenha importante papel ecológico na dispersão de sementes.

Com informações de Folha de Pernambuco e Wikiaves