Array
Notícias

Campanha pede proteção para árvores gigantes da Amazônia ameaçadas por grilagem e desmatamento

Array
Campanha pede proteção para árvores gigantes da Amazônia ameaçadas por grilagem e desmatamento
Crédito: Divulgação

A maior árvore da América Latina e a quarta maior do mundo, um angelim-vermelho de 88 metros de altura, corre grave perigo. A árvore centenária, com idade entre 400 e 600 anos, vive na Floresta Estadual (Flota) do Paru, um santuário de árvores gigantes localizado no Norte do Para, ameaçado pelo avanço do desmatamento, mineração e grilagem de terras.

Entidades do terceiro setor e setor privado se uniram para pedir que o governo do Pará fiscalize e proteja a floresta. A campanha #ProtejaAsÁrvoresGigante, liderada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), une entidades como o Forest Stewardship Council (FSC) Brasil, do qual a Amda faz parte.

O angelim encontrado na Flota do Paru tem idade entre 400 e 600 anos e altura equivalente a um prédio de 30 andares. Sua circunferência chega a 9,9 metros. Embora esteja em um local isolado, que para chegar são necessários 15 dias percorrendo 400 km de rios e mais 40 km a pé pela mata densa, o angelim não está livre do avanço do desmatamento.

16_12_argelim_vermelho_comparaao_foto_reproducao.jpg

Comparação entre o angelim-vermelho e o Cristo Redentor (Crédito: divulgação)

A Flota do Paru foi a quinta unidade de conservação mais desmatada da Amazônia em outubro. Somente o Pará foi responsável por desmatar 351 km² em outubro, 56% do que foi registrado em todo o bioma. De janeiro a outubro, foram derrubados quase 10 mil km² na floresta amazônica, o equivalente a mais de seis vezes a cidade de São Paulo. É o segundo pior acumulado dos últimos 15 anos, apontam dados do Imazon.

A grilagem também exerce grande pressão sobre a unidade de conservação. Em seu último levantamento, o Imazon identificou 99 Cadastros Ambientais Rurais (CAR) dentro da Flota do Paru. Isso significa que são quase 100 propriedades usando inscrição fraudada do CAR para vender ilegalmente terras dentro da unidade de conservação.

Além dos danos à biodiversidade, representados pela morte de milhares de animais e plantas, desmatamento e grilagem afetam gravemente atividades econômicas que geram renda a povos e comunidades tradicionais da região, como ecoturismo, manejo florestal e extrativismo. Atualmente, mais de 300 pessoas vivem da coleta de castanha-do-pará na floresta.

Criado em 2006, o território tem 3,6 milhões de hectares e faz parte do maior bloco de áreas protegidas do mundo. A Flota é a terceira maior unidade de conservação de uso sustentável em uma floresta tropical no planeta. Trata-se de uma área importante para conter as mudanças climáticas, já que estoca grande quantidade de carbono. Muitas de suas espécies não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo.

“As árvores gigantes e a Flota do Paru são um patrimônio dos brasileiros. O governo estadual precisa cancelar de imediato os Cadastros Ambientais Rurais que estão dentro da unidade, fiscalizar e autuar a prática de atividades ilícitas que ocorrem na área de conservação”, ressaltou Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira dessa unidade de conservação.

Acesse aqui o site da campanha e ajude compartilhando o vídeo: