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Média de desmatamento na Amazônia é 59% maior no governo Bolsonaro

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Média de desmatamento na Amazônia é 59% maior no governo Bolsonaro
Fogo na Comunidade São Bernardo na região da Transacreana

O governo Bolsonaro chega ao fim com aumento de 59% da taxa de desmatamento na Amazônia em comparação aos quatro anos anteriores, da gestão Dilma e Temer. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), indicam que a média de destruição anual do atual governo foi de 11.396 km², contra 7.145 km² do período anterior (2015-2018).

Trata-se da maior alta percentual durante um mandato presidencial desde 1988, quando começaram as medições. O valor supera até os índices do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, quando o desmatamento atingiu 29 mil km², em 1995. Durante o governo Bolsonaro, 45.586 km² de florestas foram destruídas, área maior que a Dinamarca.

“O regime Bolsonaro foi uma máquina de destruir florestas. Pegou o país com uma taxa de 7.500 km² de desmatamento na Amazônia e o está entregando com 11.500 km². A única boa notícia do governo atual é o seu fim”, afirmou o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

O relatório anual do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Inpe, mostra que a maior floresta tropical do mundo perdeu quase 12 mil km² entre agosto de 2021 e julho de 2022. A área equivale ao tamanho do Catar, país que está sediando a Copa do Mundo.

Pará, Amazonas e Mato Grosso foram os estados que lideraram a destruição, com 4.141 km², 2.607 km² e 1.906 km² de área desmatada, respectivamente. O Amazonas foi o que se saiu pior na contagem, com alta de 13% na comparação com 2021.

Embora a destruição tenha sido 11% menor em relação a 2021, a devastação vista na Amazônia em 2022 está 48% acima da média da última década. Os números foram tão negativos que o governo esperou três semanas para divulgá-los. O relatório estava pronto desde o dia 3 de novembro, mas só veio a público após o término da Conferência da ONU sobre o Clima (COP27), realizada no Egito.

A explosão do desmatamento durante a atual gestão é resultado do abandono do sistema de proteção ambiental, de acordo com Raul do Valle, especialista em Políticas Públicas do WWF-Brasil. Para ele, o novo governo precisa deixar claro que nenhum desmatamento será tolerado e reconstruir todo o arcabouço de proteção que foi destruído.

“Nos últimos anos, o desmatamento associado a atividades ilegais aumentou exponencialmente por conta da redução de fiscalização e o desmonte dos órgãos ambientais. Os números consolidados pelo sistema PRODES sobre o desmatamento da Amazônia confirmam que é urgente a retomada dos mecanismos de comando e controle”, afirmou Valle.